2007-01-23

natal

os secos lábios sorvem a noite fria
e nem os dedos dentro da cinza
auscultam os passos da morte
presos aos umbrais das nuvens.

a tontura cessa e o gelo cristalino
irrompe pela frincha dos pulsos
inundando o chão as sombras.

no ondulado dos lábios queimados
gritos lancinantes dormem ainda.

longe o albanil regressa do mar
e pousa na anca no ventre moído.

entre um corpo e outro nasces então.

12 comentários:

porfirio disse...

boa-noite martim

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BELO
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[e sim: natal é quando um homem quiser

abraço

isabel mendes ferreira disse...

diria que irromper assim por um qualquer natal é queimar toda a geografia. e ainda bem.


alegoricamente este é um presente de claridades.


beijo Martim.

Anónimo disse...

De outra forma fez-me pensar num poema do Rodrigo que termina, cito de cor, ajoelhemos os três em presépio.

Úm abraço

Anónimo disse...

Feliz natal... Abraços!

Vítor Amado disse...

tás inspirado.como sempre.o poeta tem razão.é natal.
abraço

Anónimo disse...

Bonito poema também de natal...

Anónimo disse...

Grande natal...

Anónimo disse...

Abrir os olhos para a vida, recomeçar, renovar, mas porquê nascer? não há memória de morte que justifique um nascimento daquele que já é. Mas valeu o poema e assim sendo, vale a pena o parto! (...)

Anónimo disse...

Ah, esta música... que é?

martim de gouveia e sousa disse...

querido/a anonymous, a música é dos blur.

Anónimo disse...

Querida, but never mind, let blur be! What song, if I'm not boring you...?

Anónimo disse...

Poema nascendo sempre. Abraço da margem.