2009-11-22

rammstein



Órfico ofício o da língua
que cantante incendeia
as fibras e os músculos
trazendo o silêncio e um
pneumático martelo fundo.

2009-11-18

segredo

falas do vento e dos muros sagazes
olhas mesmo a firmeza do tempo
como se entre ti e mim as palavras
houvesse lama dentro do silêncio
e nem mãos para tanto corpo erguido
sorrindo na calçada velha declinada.
um segredo te digo se o sonhares
assim oculto nas últimas chuvas:
nos breves ácidos da saliva mais
não sintas do que língua sorvendo.

2009-11-16

Conferência na Fundação Maria Ulrich sobre D. Afonso Henriques pela Professora Doutora Maria João Branco e pelo Doutor Pedro Picoito



CONVITE


A Fundação Maria Ulrich convida-o para a conferência, dia 16 de Novembro, pelas 21.30h, na sua sede, sobre o pai da pátria portuguesa - D.Afonso Henriques, ano em que se comemoram os 900 anos do seu nascimento.
Os oradores serão a senhora Profª Drª Maria João Branco e Dr. Pedro Picoito.

Rua Silva Carvalho, 240
1250 - 259 LISBOA
Telef.: 21.3882110; 96.6969620
fundacaomariaulrich.blogspot.com

Jorge Drexler: El Pianista del Gueto de Varsovia

Jorge Drexler: El Pianista del Gueto de Varsovia



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2009-11-15

Frase da noite: Aristóteles

"Excelência é uma arte que se domina com treino e habituação. Não agimos correctamente porque temos a virtude da excelência, mas mas podemos possuí-la porque agimos correctamente. Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, portanto, não é um acto, mas um hábito."


Aristóteles

2009-11-14

Poetria informa

Informamos que temos alguns convites para o espectáculo "História da Ilha do Tesouro" pelo Teatro Art'Imagem para os dias 13 às 21,30 e 14 e 15 às 14,00 e 21,30.


Em caso de interesse as respectivas reservas poderão ser feitas por esta via ou através do tlm. 968707303.

As melhores saudações.

POETRIA

Livraria Poetria


+ poetriablog.wordpress.com

+ www.twitter.com/livrariapoetria

O que ficou de "A_gosto da Cidade"?

EMPÓRIO


Rua Silva Gaio n.º 29

3500-203 Viseu

O que ficou de A_gosto da Cidade (iniciativa Amarelo Silvestre + Projecto Património – Empório, Agosto 2009, Viseu)?

O que revelaram as fotografias de José Crúzio, o vídeo e o som da Binaural, as ilustrações de Luís Belo e as palavras de Liliana Garcia?

E agora? A_gosto da Cidade 2010?

Conversa a muitas vozes, na cidade, sobre a cidade, para a cidade.

Na Empório. A 14 de Novembro, pelas 15h00.

2009-11-04

António Variações


"Os intocáveis"- por Mário Crespo


Os intocáveis


JN 2 Nov 09
O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação.
Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato.
Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos.
Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública.
Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano.
Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.
[Texto enviado por Marta Oliveira Costa]

2009-11-01

nostalgia

sei bem que o sono vem lentamente
cobrindo a noite do tempo antigo
e que os animais afagam o curro
como se nova arquitectura viesse
do sopro quente da lama perto.

uma clara mão envolve-te fundo
e dentro do colchão ouves lento
as primeiras chuvas e os ventos
que rompem as trevas de dor.

uma porta no longínquo quintal
bate contra o ladrar dos cães
e um primeiro pegureiro rápido
afunda os passos no passado
como nocturno rio declinando.

os silêncios cavam as palavras
e um prego esfrega a gengiva
enferrujando o marfim breve
e a raiz do metal do medo...

uma janela bate no coração.