2007-02-14

desmemória

agora vou dizer-te o que fiz:

ao fundo da avenida o túnel
longe já do vazio da casa
soterrados passos na água
eis-me entrando no corpo
pelo punho fora cortando
as veias o sangue a pele.

dormi na úlcera da dor
espalhando o feno rubro
no peristilo da aorta e
as melhores folhas foram
sedimentos em que me
lavei comburente e nu.

no cérebro a memória
já não flui e o branco
oculta a última fissura.

7 comentários:

Susana Barbosa disse...

... arrepiei-me. mesmo.
bjs Martim

hfm disse...

E o que dizer depois disto:

"oculta a última fissura."

isabel mendes ferreira disse...

...das melhores folhas....



sedimento que alimenta a minha memória.




beijo.


Martim.

pn disse...

patografia

escrita da dor

dorida

letal

sofrida

Anónimo disse...

Espectacular lição poética sobre om "fingimento". A. de A.

Anónimo disse...

A Viagem é Inaudita... GOSTEI mesmo...

porfirio disse...

pois bem, martim

e pela fissura espreito
a sublime combustão
das imagens!

abraço