NOTÍCIAS D'OUTRO TEMPO
(Viseu, 1.ª quinzena de Dezembro de 1875)
Por: Arlindo de Sousa
Não tendo encontrado registo especial sobre o estado do tempo, supõe-se que a temperatura média fosse a habitual para esta época do ano.
Relativamente a outros acontecimentos, consta:
- que duas crianças morreram na "freguezia de Oliveira do Douro, em Quebrantões", por terem comido tortulhos venenosos;
- que em Gouveia se estava a organizar uma companhia que iria estabelecer " diligencias entre as cidades da Guarda e Coimbra, e Guarda e Vizeu, passando por Celorico";
- que os estudos de campo com vista à definição do traçado definitivo da linha férrea da Beira Alta estariam já concluídos;
- e que Viseu pouca atenção deu ao 1.º de Dezembro, dia da Restauração da Independência de Portugal em 1640. Apenas a "philarmónica Boa União" percorreu as ruas da cidade tocando o hino da independência e outros hinos patrióticos.
Mas, para além de muitos outros problemas e com uma das maiores taxas de analfabetismo da Europa (mais de 80%), uma grande preocupação da gente mais esclarecida da Beira era também a questão do ensino, sobretudo o ensino primário. Havia o desejo ardente de " ver espalhada a instrucção por todos os logares e por todas as camadas sociaes". E mais: defendia-se que também as mulheres (na altura quase completamente à margem do ensino, mesmo das primeiras letras) deviam " ser ensinadas para serem boas mães...".
Na realidade, entendia-se que sem instrução não podia haver nem progresso nem liberdade. Como exemplo, semelhante a muitos e muitos outros ocorridos no país, apontava-se o caso da freguesia de Lajeosa, onde os eleitores, quase todos analfabetos e sem opinião nem vontade própria, depois de propositadamente embriagados, foram acompanhados por um cacique local à urna, a Tondela. Ali, " receberam do administrador a lista, que este lhe(s) entregava, e beijando-a a deitavam na urna...". Estavam os regeneradores no poder.
Fonte: "A Liberdade ", jornal que em 1875 se publicava em Viseu.
3 comentários:
Gostei deste momento. Gosto de ir ao fundo dos baús e de lá retirar pedaços da história, que acabam por nos ajudar a compreender tanto do que neste momento nos rodeia...
Bjs.
As pessoas não podem saber muito porque depois são contestatárias, reividicativas e exigentes!!!
Muitos decisores políticos apostam na ignorância!!!
Em Portugal o abandono e insucesso ecolar está a aumentar!!!
CALEM A BOCA LABREGOS
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