2006-04-25

poemas em abril (V): cravos nos ossos





abril rompe de dentro dos ossos
espalhando o marfim dentro dos olhos
agora todo o sonho azul jaz no petróleo
das veias, acumulada gordura de luta vã
quanto sal encostado às costas murmura ainda?
quanta dor te engana o sono e o golpe de asa?
em abril de dois mil e seis a chuva não cai na terra
o vento não embala a seara nem o mar engorda o corpo
a centúria matou a bandeira fechou a pequena aldeia
que o povo reabriu há décadas que gritam no solo.



longe nem flores ou sol. só ácido no zinco quotidiano.

4 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

dói. de belo.

zinco aceso.



Martim...

Anónimo disse...

O poema é bonito e a imagem parece retirada da Capela dos Ossos de Évora.

Anónimo disse...

De facto, já houve outro ABRIL. Abraço.

porfirio disse...

boa noite martim

:
poema de carne repleto
ó tu que
engordas o mar
.

abraço