Os estudos antropológico-literários têm utilizado a palavra “imaginário” para designar o conjunto de imagens simbólicas que habitam a tradição literária e na literatura permanecem desde há muito tempo. A literatura contém essa força transmissora, fazendo do ser humano alguém mais preparado para a usura do quotidiano.Em época de falência anunciada das ciências sociais e humanas, abro este seminário com uma interrogação retórica, que é, desde já, resposta definitivamente afirmativa: será que a literatura contribui para o desenvolvimento do imaginário do indivíduo?
É um justamente admirado Walter Benjamin quem defende que as crianças “são encenadores para quem a palavra ‘sentido’ não representa qualquer obstáculo”, juntando-lhe eu ainda a ideia de Peter Weiss, segundo a qual os livros conferem uma realidade diferente da dos pais e dos educadores, para concluir que muito se tem falhado, que todos temos sido insuficientes no sentido de se colocar o texto contra a luz e, detectando a trombose das palavras, “desenterrar o sentido oculto entre os detritos” (Huizing, 2001: 53). E, no entanto, são as crianças e os jovens as crianças de Benjamin, que tão admiravelmente sabem encostar o livro aos “olhos” do coração. Vendo se vêem, como cegos os adultos que não compreendem.
Falar de literatura deveria ser o silêncio. Mas há experiências e há verdades indesmentíveis, que a literatura acompanha. Os estádios de desenvolvimento de cada indivíduo tiveram ou deveriam ter tido os seus livros e os adequados espaços poliédricos da significação. Desde Piaget, pelo menos, ninguém nega o valor do imaginário e da fantasia no processo de configuração da personalidade.
Em primeiro lugar iremos falar de poesia, modalidade primeira do saber e da tensão totalizadoras, para a ela voltarmos na parte final. Um verso condensa, mais do que uma vida, um universo univocal e original. Nessa vertigem ou lago em que se reflecte especularmente o sonho e o abismo, poucas palavras explicam, todas as palavras significam. Fonema afundado na sílaba, sema aberto ao sintagma, um mundo aberto aparece, lustral e irrepetível, mostrando-se e escondendo-se, sendo ferida que espera o desvelo do leitor, que da dor se aproxima com a enciclopédia e os lindes de um imaginário em construção. Cada incisão no corpo do poema significa aqui uma janela para dentro do imaginário. Abramos, pois, a janela de cada dia.
Jacques Derrida (1930-2004), o pai da “desconstrução”, é um intelectual com grande influência na cultura e no pensamento contemporâneos, em áreas tão diferentes como a filosofia, os estudos e a teoria literária, a arquitectura, o feminismo ou o direito, sendo ainda autor de obras tão marcantes como
De la grammatologie (1967),
L´écriture et la différence (1967),
La dissémination (1972),
Signéponge (1983),
Force de loi (1994) ou
Papier machine (2001). É a partir de um ensaio de Derrida, de título
Che cos’è la poesia?, publicado inicialmente na revista italiana
Poesia, em 1988, e recolhido, em 1992, no volume
Points de suspension, que partiremos para a extracção de algumas ideias influenciadas sobre a “essência” da poesia. A aproximação à poesia exige renúncia ao saber e capacidade desmobilizadora, bem como uma atenção percuciente ao ditado: “Eu sou um ditado, profere a poesia, aprende-me de cor, recopia-me, vela-me e guarda-me, olha-me, ditada, sob os olhos: banda sonora,
wake, traço de luz, fotografia da festa em luto” (Derrida, 2003: 5). Contra o esplendor do corpo do poema, há que saber de cor, recopiar, defender, guardar e olhar.
Wake, vigília contínua, eis o acto sobre a economia da memória e sobre o que se deseja aprender a partir do outro. Voltando ao filósofo, abre-se outra janela e o dom do poema: “alguém te escreve, a ti, de ti, sobre ti” (Derrida, 2003: 7). E, no entanto, apela o poema à sua morte e à transmissão de uma marca transfigurada: “Chamo poema àquilo que ensina o coração, que inventa o coração, enfim aquilo que a palavra coração parece querer dizer” (Derrida, 2003: 8). O dito é esquecimento e fogo da memória, das poéticas, amnésia que se celebra. Um poema é então uma “encantação silenciosa” que chega, como uma “ferida áfona” vinda até nós a partir do outro. Próximo dos pés, inscrito na terra, o poema é uma “certa paixão da marca singular” (Derrida, 2003: 9), enrolado para o outro e para si, com os “signos agudos” para fora, ensinando-nos o coração. Perguntar o que é a poesia é, afinal, ver nascer a prosa, como o demonstra, por exemplo, o texto deste seminário.
Relativamente à narrativa e ao romance, género amado e odiado depois da sua tão propalada morte, diga-se que, se parece evidente uma certa opção pela short story, por razões de economia de tempo e de centrifugação quotidiana, há uns notáveis casos de recepção de obras de longo raio de acção, de espessura material, como o parecem dizer os êxitos dos livros de J. K. Rowling ou Dan Brown, lidos omnivoramente por crianças, adolescentes, jovens e adultos de todo o mundo. Talvez o tempo não seja o do notável romance russo ou dos centrais modelos canónicos veiculados por nomes como Zola, Flaubert, Balzac, Thomas Mann, Lawrence, Proust, Joyce e tantos outros. E, no entanto, é certo que os lugares maiores da literatura ficcional serão, cumulativamente, espaços centrais de transmissão de valores e de ensinamentos. Ágora do imaginário e da sua potenciação, ler no género e ler forte é não temer o aparato físico de
Guerra e Paz, de Leão Tolstoi, ou
O Idiota, de Dostoievski, caso contrário, pode o género passar “a insensível maquinaria”, que “abre fendas e depósitos”, como o entrevê poeticamente Fernando Luís Sampaio em
Falsa Partida (2005).
É um insuspeito Daniel Sampaio, em crónica publicada recentemente na revista “Xis” do Público, de título “O gosto por ler romances", quem defende sempre ter adorado ler romances, às vezes um por dia, sempre desejando entrar nessa vertigem de encantamento, tanto mais que, como o defende o psiquiatra e professor universitário, “o romance permite sonhar, tomar partido, identificar com uns e rejeitar outros, sentir que estamos a <
> uma história diferente da que o escritor criou, porque nos conseguimos apropriar de uma sugestão de alguém que não conhecemos, mas que se tornou cada vez mais próximo.” Friso esta proximidade, que é, a meu ver, a qualidade maior do género, porque é vida, em época de crise nas leituras e em que cada acto de encontro com um objecto literário é muitas vezes sentido como simples passatempo ou receita milagrosa e muito menos como fundante ponto de partida para a imaginação ou para a reflexão. A crise facilista, no entanto, de tão entranhada já, há-de promover talvez um novo romance, e volto a Daniel Sampaio, “para nos fazer sonhar de novo.”
O sonho e o imaginário começam lá atrás, no preciso momento em que os sentidos da criança se dão placentariamente à fórmula mágica “era uma vez”, incipit que faculta o mergulho no mundo encantado. Crescendo e maturando, aprendendo sempre, o indivíduo é ouvinte para em breve ser leitor, acertando um caminho fascinado e cada vez mais exigente e sofisticado. Fortalecer e preencher a seara do imaginário é dialogar, lendo e ouvindo, com a fábula, os contos de fadas e toda a magia, os quais, em conjunto, estimulam a criatividade, a imaginação e a autonomia. Aventuras, episódios múltiplos, peripécias ou obstáculos, eis alguns dos condimentos que prendem leitores, a par, por exemplo, da necessária identificação com personagens e heróis, assim se inscrevendo na memória, trabalhando sempre no íntimo dos iniciados. Quem pode, pois, deslembrar O Soldadinho de Chumbo de Hans Christian Andersen, os Desastres de Sofia da Condessa de Ségur, a Mariazinha em África de Fernanda de Castro, as incomparáveis aventuras de Mark Twain ou Stevenson, o mundo fantástico e visionário de Jules Verne, os livros de Enid Blyton (“Os Cinco”, “Os Sete”, “Mistério”, “Gémeas”, “Quatro Torres”, “Uma Aventura”…), a fabulosa Terra Média de Tolkien, os contos e narrativas de Sophia de Mello Breyner, Alice Vieira ou Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada?
De um ou de outro modo, o contacto com a literatura – e, agora, restrinjo o campo à literatura para a infância e a juventude –, nos seus diferentes modos, permite que se cumpram, no sentido de Teresa Colomer, as três principais funções da literatura infanto-juvenil, a saber:
1) o acesso ao imaginário colectivo (Jung, por exemplo, defende que as imagens criados podem-se agrupar-se em arquétipos, isto é, em motivos originais e inatos, comuns a todos; a corrente psicanalítica assinala a importância da literatura na construção da personalidade -Bruno Bettelheim, por exemplo; Starobinski (1974) fala da imaginação como um poder de alheamento das realidades presentes; Bruner (1988) alude a um olhar distinto sobre o mundo a partir da criação de “mundos possíveis”);
2) a aprendizagem de modelos narrativos e poéticos ( modelos esses que interagem com a vida efec-tiva, modelando-a e ampliando experiências, desde a literatura tradicional até às criações mais elaboradas);
3) e a socialização cultural ( e felizmente que se foi esbatendo a ideia de livros para rapazes e livros para raparigas).
Sendo o livro um objecto com “mil e uma entradas”, como o reconheceu no passado fim de semana Maria João Seixas, é justa também que a literatura não suporte perguntas como “o que é…?”, antes negando a funcionalidade de tal critério.
O imaginário é o mundo criado pela imaginação e o cânone literário é formado pelo conjunto de obras que é objecto “obrigatório” de discurso e de referência. Ambas as vertentes habitam, devem habitar a cegueira do leitor na sua tentativa de neutralização do objecto, isto é, de interpretação.
Quem existe por aí, afinal, indemne aos mundos possíveis facultados por personagens como Aladino (As mil e uma noites), Alice (1865) de Lewis Carroll, Bambi (1923) de F. Salten, Beleza Negra (1887) de A. Sewell, Bilbo (1937) de Tolkien, Corsário Negro (1898) de E. Salgari, D’Artagnan (1844) de Alexandre Dumas, David Copperfield (1850) de Charles Dickens, Emílio (1928) de de E. Kaestner, Gulliver (1726) de J. Swift, Heidi (1881) de J. Spyri, Huckelberry Finn (1885) de Mark Twain, Kim (1901) de Kipling, Mary Poppins (1934) de P. Travers, Miguel Strogoff (1875) de Júlio Verne, Mowgli (1894) também de Kipling, Patinho Feio (1835) de H. C. Andersen, Peter Pan (1911) de Barrie, Peter Rabbit (1902) de B. Potter, Pinóquio de Collodi (1883), Principezinho (1943) de Saint-Exupéry, Puff (1926) de Milne, Robin dos Bosques (1883) de Pyle, Robinson Crusoe (1719) de Daniel Defoe, Sandokan (1900) também de Salgari, Sherlock Holmes (1886) de Conan Doyle, Pequena Sereia e o Soldadinho de Chumbo (1835) também de Andersen, Tarzan (1912) de Burroughs ou Tom Sawyer (1876) de Twain?
A literatura tonifica o imaginário e atribui competências percepcionadas na vida adulta. Mas não só. Em boa hora, por exemplo, decorrerão em Santo Tirso, a 21 de Março do corrente ano, no âmbito da iniciativa “A poesia está na rua”, as “24 horas de Poesia, sob o lema “A poesia faz bem à saúde”. O aviso, publicado em vários jornais nacionais, informa que “um grupo de declamadores irá percorrer casas particulares, lares, associações culturais e desportivas, instituições de solidariedade social, farmácias, escolas, bombeiros, fábricas e outras instituições interessadas. A ideia é levar a poesia às pessoas demonstrando que a leitura de textos literários constitui um salutar exercício de comunicação e um momento raro de terapia para quem lê e para quem ouve.” Assim:
1) a poesia é a exaltação do mínimo ;
A magnólia (Luiza Neto Jorge)
A exaltação do mínimo, e o magnífico relâmpago
do acontecimento mestre
restituem-me a forma
o meu resplendor.
Um diminuto berço me recolhe
onde a palavra se elide
na matéria - na metáfora -
necessária,e leve, a cada um
onde se ecoa e resvala.
A magnólia,
o som que se desenvolve nela
quando pronunciada,
é um exaltado aroma
perdido na tempestade,
um mínimo ente magnífico
desfolhando relâmpagos
sobre mim.
2. a poesia é um navio de espelhos;
[O Navio de Espelhos] (Mário Cesariny de Vasconcelos)
O navio de espelhos
não navega, cavalga
Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível
Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos
Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele
Os armadores não amam
a sua rota clara
(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)
Quando chega à cidade
nenhum cais o obriga
O seu porão traz nada
nada leva à partida
Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta
E no mastro espelhado
Uma espécie de porta
Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto
A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto
Quando um se revolta
há dez mil insurrectos
(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)
E quando um deles ala
e o corpo sobe aos mastros
e escruta o mar do fundo
Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)
Do princípio do mundo
até ao fim do mundo
3. a poesia é compor de várias maneiras;
PASTELARIA (Mário Cesariny de Vasconcelos)
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os
olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
4) a poesia é uma viagem a Elsinore;
You are welcome to Elsinore (Mário Cesariny de Vasconcelos)
entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas,que esperam por nós
e outras frágeis,que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
entre nós e as palavras,surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
e há palavras e nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além da azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita
entre nós e as palavras ,os emparedados
e entre nós e as palavras ,o nosso dever falar.
5. a poesia é água pela cintura;
20 (António Franco Alexandre)
as primeiras coisas eram verdes ou azuis, com água pela cintura;
duras esmeraldas umas, outras animais, vibrantes
quando lhes toca a luz; o mais das vezes encostados
à parede do estábulo, com grandes olhos húmidos
e um precipício ao fundo (e as nuvens são o seu bafo).
e no entanto, visto à distância exacta, tudo se transforma:
o cenário do mundo é só um infinito espaço
cheio de coisa nenhuma, e a luz o puro efeito
de dois deuses menores que marcam o compasso.
é certo que, na chuva, o teu corpo anuncia
com seu distante olhar, um prazer que não cabe
na estreiteza da fábula; um céu, não duvidemos,
acolhe o terno gesto que não foi.
já na parede a meio branca traço, a contragosto,
o tempo mal passado que apodrece; e ruminante encosto
ao tampo de água o bico ou pincel fosco
onde surgira, de repente, nada.
os portões oscilam, e a erva adiante, se nos aproximarmos.
claramente vejo como te divides
num infinito número simultâneo de mundos.
as palavras celebram, mudas, a água na paisagem,
verde ou azul, conforme desejaste.
avanço imóvel, descalço sobre a erva,
e quando fecho os olhos invade-me a luz por dentro
compacta, completa, como as coisas primeiras.
6. a poesia é, por último, uma rosa de espuma.
XI (Mário Cesariny de Vasconcelos)
queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma
A literatura é um bem inestimável. Cardiologistas há que referem as virtudes terapêuticas da poesia. A este lugar de ninguém que é a literatura nunca se chega suficientemente. Antes convém lembrar a admonição de Italo Calvino, em Seis propostas para o próximo milénio, decorrentes das conferências Charles Eliot Norton Poetry Lectures de 1985-1986, em Harvard. Nessa obra post-mortem, incompleta, Calvino destaca os seguintes valores literários: a leveza (lightness), a rapidez (quickness), a exactidão (exactitude), a visibilidade (visibility), a multiplicidade (multiplicity) e a consistência (consistency). É este, talvez, o mistério da arte literária. Esgotada a literatura, outro texto nasce da mesma cinza para iluminar as trevas e a vulgar cegueira.
Referências
CALVINO, Italo (2002) – Seis propostas para o próximo milénio (Lições americanas). Inclui o texto inédito Começar e Acabar, Lisboa, Teorema.
COLOMER, Teresa (1999) – introducción a la literatura infantil y juvenil, Madrid, Síntesis Educación.
DERRIDA, Jacques (2003) – Che cos’ è la poesia?, Coimbra, Angelus Novus.
GOMES, Ana Ribeiro (2006) – “A magia de Harry Potter – Literatura Infanto-Juvenil”, in Xis.
HUIZING, Klaas (2001) – O Bebedor de Livros, Lisboa, Círculo de Leitores.
SAMPAIO, Daniel (2006) – “O gosto por ler romances”, in Xis.
SAMPAIO, Fernando Luís (2005) – Falsa Partida, Lisboa, Assírio & Alvim.