FARPINHAS – DEZASSEIS
O português é um caso típico de
coragem. Sem queixas que se ouçam, quando nos sítios de o fazer, mostra sempre
a sua fibra na internet e nas redes sociais – que sim, que ele arde de
despeito, que ele é um moinho de socos, que assim não poder ser, que da próxima
é que será, que eles verão…
Ginasticado, muitas vezes o caso
típico de coragem destila a sua oposição vestido com roupa desportiva e
cachecol, acompanhando os seus bravos atos com os golos da sua equipa de
eleição. O caso típico de coragem nacional é também conhecido por «se».
Os «ses» são assim, corajosos. Tudo
aguentam, com força muita de velhos antepassados, alguns deles conquistadores –
dizem. A revolução e a revolta faz-se todos os dias, na internet, nos blogues,
nas redes sociais, com coragem. Não se mexendo, o se transpira coragem. Ainda ontem
assistiu na televisão a um protesto de trabalhadores e conseguiu soltar uns ais
e uns uis. Com tanta coragem, o «se», enredado na vertigem comunicativa, enfrenta,
musculado e sem dar conta, todos os desafios. Morto, não dá conta de que a
inação é terreno da morte.
Privatização da escola pública,
desqualificação do serviço nacional de saúde, incapacidade da justiça,
salvaguarda de poderosos, mentira, usura e roubo, eis alguns dos crimes de que
estado se investiu. Na jogada, muitos assistem, nada fazendo, nada dizendo que
não seja um malfadado se. Este «se» pensa que existe. Bem clama Maria Filomena
Mónica dizendo que «Portugal é hoje um país de mortos». Mas o «se» vive e anda
por aí.
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