2012-09-07

Tempo de agora



TEMPO DE AGORA

Este é o tempo de agora. Cheio de enganos, este é o nosso tempo. Está tudo acabado. Nem falta o regresso a casa e o desalento. A contradição rasga a terra há décadas e tudo se fez para nada haver. Tudo é estrangeiro, tudo é estranho. Os rótulos apensos aos frutos vindos à mão o vão anunciando, sem rigor ou desprimor.
Reforme-se o país, que reformadas estão as duas primeiras figuras do estado, com tantas outras anichadas em volta.
Em outros tempos, o desterrado da Quinta da Tapada, Sá de Miranda, pregava o regresso à agricultura. O próprio Castilho, bem mais recentemente, aconselhava os falhados órfãos das universidades, com voz tonitruante: “torna-te às terras que batatas criam”.
No tempo de agora, fica a perplexidade de não haver sítio a que regressar. E isto incomoda como ouvir falar de mais políticas de austeridade. Para quê, fazedores do nada?

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