A MORTE DE SÓFOCLES
Um pouco da morte paira por todo
o lado. É o tempo da peste, dos perigosos contágios, dos desamores, das
desclassificações. Já ninguém ousa louvar as três repúblicas, não obstante os
louvaminheiros da do centro.
Este tempo existe e fere. Dizia
há pouco Inês Pedrosa estar para breve o momento em que não haverá no nosso
país pessoas que consigam ler os escritores clássicos a partir dos textos
originais e muito menos os fundantes gregos e latinos.
Muitos de nós ainda lembramos o
tempo em que se podia escolher Latim, Grego e Alemão sem quaisquer
constrangimentos. E isso acontecia não só apenas no pós-Abril como também no Estado Novo. As políticas
educativas das duas últimas décadas mataram as Humanidades.
A tragédia inundou o tempo.
Gabriel García Márquez, quando questionado sobre a obra literária preferida,
sempre anunciou Édipo Rei. A morte
saiu à rua. Quem matou Sófocles?
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