2012-09-22

Odores



ODORES

Chega o outono, com os seus ritos. Há o cheiro disso, inegável. Da nossa vida, tão rudemente esbulhada pelos detentores decadistas do poder, à ficção todas as linhas são ténues, tudo ilumina a vulgar explicação dos dias – destes, que tão quentes e exuberantes têm sido, mostradores da falência dos partidos instalados nos lugares, nas sacrossantas decisões.
Chega o outono, e ele pressente-se como em narrativa breve de Gabriel García Márquez. É um conto – “A outra costela da morte” (1948) - que irrompe, certeiro: é um “cheiro acre a violeta e a formaldeído, forte e amplo”. É o estertor de um governo que quase todos repudiam. Nota-se-lhe o cheiro insuportável, arrogante, vindo da anterior legislatura e espalhando-se em angústia e pesporrência.
Apodrecido, o cheiro esvai-se como uma memória negativíssima. Não mais do mesmo, clama o povo. Será? 

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