ODORES
Chega o outono, com os seus
ritos. Há o cheiro disso, inegável. Da nossa vida, tão rudemente esbulhada
pelos detentores decadistas do poder, à ficção todas as linhas são ténues, tudo
ilumina a vulgar explicação dos dias – destes, que tão quentes e exuberantes
têm sido, mostradores da falência dos partidos instalados nos lugares, nas
sacrossantas decisões.
Chega o outono, e ele
pressente-se como em narrativa breve de Gabriel García Márquez. É um conto – “A
outra costela da morte” (1948) - que irrompe, certeiro: é um “cheiro acre a
violeta e a formaldeído, forte e amplo”. É o estertor de um governo que quase
todos repudiam. Nota-se-lhe o cheiro insuportável, arrogante, vindo da anterior
legislatura e espalhando-se em angústia e pesporrência.
Apodrecido, o cheiro esvai-se
como uma memória negativíssima. Não mais do mesmo, clama o povo. Será?
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