SEM MAR
Destruída grande parte das
atividades marítimas, eis que as frotas pesqueiras, por exemplo, são uma amarga
sombra do tempo. Bem advogam hoje os faustores da desgraça que nos voltemos
para o mar e o exploremos. Estas palavras, vindas de quem vêm, enojam – nada resplendece
sobre as cinzas. A não ser que nos queiram distrair, enganar mais, obrigar a um
contemplativo estar de costas para mais sermos enganados, violentados na dor da
contemplação. Este nítido nulo assusta, esta gentalha umbiguista existe, o
nosso povo sofre sem lugar ao sonho.
O mar aí
está um deslugar. Vamo-nos distraindo com a linha do horizonte. Sem distração,
meticulosamente, este desgoverno mata-nos a vida, destruindo a vulgar
esperança. Como no romance* de Vergílio Ferreira, apetece perguntar: “quando me
executarão?”.
*Nítido nulo (1971)
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