2012-09-30

AO CONTRÁRIO DO QUE TEMOS: APRENDER COM ANTÓNIO OSÓRIO


AO CONTRÁRIO DO QUE TEMOS: APRENDER COM ANTÓNIO OSÓRIO

António Osório é um enormíssimo poeta. Diz assim o escritor, em entrevista a Carlos Vaz Marques para a última revista "Ler":

"Nós tínhamos uma casa muito jeitosa, que o pai arranjou em Setúbal, precisamente por causa da minha doença. Então ele - e muito bem, porque era uma pessoa culta - ao sábado de tarde (quando não tinha o cartório notarial), depois de almoço, num jardim muito simpático que a casa tinha, organizava uma sessão de poesia. Foi assim que conheci um bicho chamado Luís Vaz de Camões, que foi para mim uma revelação e com quem descobri a minha língua."

Infelizmente hoje já não há nada para descobrir. O país afunda a olhos vistos e toda a gente sabe que quem manda em Pedro Passos Coelho é o senhor Relvas e o Engenheiro Ângelo Correia; mais sabe que quem manda no governo é o plenipotenciário professor Borges, muito cedo dispensado do FMI por inadaptidão e incompetência.
Um governo que funciona assim nunca funcionou e só as ataduras dos interesses lhe permitem a ténue sustentação. 
As lições dos poetas ensinam a revelação e a descoberta. A solução está aí, na poesia que o povo quer.

2012-09-28

"Cenas de gaja" de Alda Pires



Havia umas cenas no meio de nós: sobre Cenas de Gaja de Alda Pires

Em busca de um caminho, haverá, talvez, a pedra de Drummond de Andrade. Mas também toda a efabulação dos perigos, com raiz, por exemplo, na voracíssima fábula do Capuchinho Vermelho. Agudamente aí, um ror de perplexidades espreitam nas Cenas de Gaja de Alda Pires.
Aqui fala-se do verdadeiro mundo, o mundo dos sonhos, que procura fugir ao cinzento do real até ao exato momento em que este, sem aviso, traz o sonho – a chegada do dia da revolução silenciosamente vinda; toda a memória dos tempos de praia e a explosão dos ritos sensitivos; a leveza dos corpos sexuais devorando-se sem mais até ao cansaço deceptivo; toda a aspereza da desinocentação dos seres; a labuta por uma certa dignidade; a viagem emigratória tão em voga pelo beneplácito dos governantes; a derrogação da masculinização de tudo através de um proposto “mundo ao contrário”; o desejo de mudar a vida na circunstância territorial pela revolta redentora…
Mas tudo isto é um sonho? Como em Calderón de la Barca, a vida é um sonho que começa no corpo e no dia que nasce. Assim estas Cenas de gaja de Alda Pires, poeta distendida, visivelmente marcadas por um “radical de apresentação” próprio do drama, na sua estrutura dialógica, na sua essência de possuidoras de uma transcodificação intersemiótica avaliável em sede de representação.
Mesmo sem os lindes da codificação integral, visíveis e analisáveis hoje in praesentia, na aguardada apresentação, avanço, sem receio, que estas cenas estão no meio de nós. E como não senti-las?   

2012-09-26

Ruínas



RUÍNAS

Há um sufoco em volta. Uma boca metálica, de riso verde, vai devorando as memórias, usurpando os melhores lugares. Não há mais lugar para o riso desinteressado, nem tão pouco um espaço para o debate isegórico – agónicas, as lâminas encostam-se à pele, fendendo o marfim dos ossos. O que resta do que fomos?
Como no poema* de António Franco Alexandre, a minha terra, “feita de sangue e ossos e / o vácuo chão da carne” (p. 8), declina como “terra negra, húmida de arbustos” (p. 7) para dentro de insondável abismo. A puridade dos nossos governantes, com a conivência de todas as instâncias supremas, sonegaram ao povo a sobrevivência e malbarataram até agora um ror de milhões no BPN – de tão avultada, a soma daria para quase uma dezena de pontes 25 de abril.
É do 25 de abril que falo. É desta manifestação de 29 de setembro. Eu falo do que falta fazer. Quem vem fazer connosco?   
______
*Óasis, Lisboa, Assírio & Alvim, 1992. 

2012-09-25

jan



[JAN]

animal um corpo contra a faca tomba
uma lâmina meticulosa instersticia-me
como certeira cobra nos seus líquidos
contra essas balas avanço em dezembro
de cada ano como declinação de tudo
e na boca uma chama inoportuna berra
cada nome que é o povo cada grito uivo
tal cão danado na inteireza de si no ar
perdes o fôlego em 1970 todas as facas
uma mão puta no gatilho a terra muda
anoitece no dia a luz da morte nos olhos
em todo o lado na mão a casa ardendo
o sangue na hora certa aí este fanal aqui
animal um corpo contra a faca tomba.

2012-09-24

"A Abadia do Pesadelo" de T. L. Peacock



‎A Abadia do Pesadelo de Thomas Love Peacock (1785-1866), mais conhecido por T. L. Peacock, é um delicioso romance de humor publicado pelo autor em 1818.

Trata-se de um originalíssimo exercício irónico, em jeito de tratado filosófico dialogado, sobre a erosão do artificiosismo romântico. Todo o jogo de personagens é fluido e conatural, adentro dos matizes deceptivos e típicos.
Prefácio, notas e tradução direta (notável!) são de Jorge de Sena; a capa é de Figueiredo Sobral; esta edição publicou-se em 1958. 
Lúcido humor este, em tempo de peste e de dúvida...

2012-09-23

sibylle



[sibylle]
tangentes duas pedras em mim caem
derrotadas as vísceras estão no chão
no rigor do sol todos os interstícios
são um estranho carnaval de dedos
uma linha na clavícula traz-me a paz
que guardo nas gengivas desta terra. 

2012-09-22

Odores



ODORES

Chega o outono, com os seus ritos. Há o cheiro disso, inegável. Da nossa vida, tão rudemente esbulhada pelos detentores decadistas do poder, à ficção todas as linhas são ténues, tudo ilumina a vulgar explicação dos dias – destes, que tão quentes e exuberantes têm sido, mostradores da falência dos partidos instalados nos lugares, nas sacrossantas decisões.
Chega o outono, e ele pressente-se como em narrativa breve de Gabriel García Márquez. É um conto – “A outra costela da morte” (1948) - que irrompe, certeiro: é um “cheiro acre a violeta e a formaldeído, forte e amplo”. É o estertor de um governo que quase todos repudiam. Nota-se-lhe o cheiro insuportável, arrogante, vindo da anterior legislatura e espalhando-se em angústia e pesporrência.
Apodrecido, o cheiro esvai-se como uma memória negativíssima. Não mais do mesmo, clama o povo. Será? 

2012-09-20

"Tempo de Guerra" de Vasco Pratolini



Tempo de guerra de Vasco Pratolini é um romance enorme, com todas as boas armadilhas que fazem da literatura o nosso lugar. Dito pelo autor um protesto, um diário sentimental ou um documento, o romance narra o percurso formativo de um jovem de nome Valério em tempo de guerra. O palco é Florença e a dolorosa experiência do jovem é sempre arrebatadora e mostrativa de uma cidade com as suas intrigas e gentes.

A tradução e o informado prefácio são de Alfredo Margarido; a capa é de Victor Palla; a composição e impressão de junho de 1961. Apareceu sob o nº 9 da coleção "autores estrangeiros" da Editora Arcádia.

2012-09-16

Apresentação do livro "O estudante de Coimbra" de Guilherme Centazzi


Localização: Sala de S. Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
Início: 20-09-2012
Fim: 20-09-2012

O Centro de Literatura Portuguesa e a Editorial Planeta apresentam a nova edição do livro O Estudante de Coimbra de Guilherme Centazzi (1808-1879). A apresentação será feita pela Doutora Ofélia Paiva Monteiro e pelo escritor Pedro Almeida Vieira, responsável pela presente edição e pela fixação do texto, a partir da edição original de 1840, e terá lugar no dia 20 de setembro de 2012, na Sala de S. Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, pelas 18.30.








2012-09-15

"Liberdade, onde estás?" [de Manoel Maria de Barbosa du Bocage]


Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?

Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo que desmaia.
Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!

Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.

Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!

[Manoel Maria de Barbosa du Bocage]

[manifesto]


[manifesto]

da súplica ao grito corre a marcha
torcicolando por estreitas vias
roucas as vozes de nós irrompem
escritas também em manifesto…

como cansados os corpos brilham
solares quentes corações assim
no chão sangrando plantas e voz
em eco sendo cartaz de amanhã…

passado o dia a manhã sorri dentro.

2012-09-14

friedrich


é uma âncora e pouco mais
extremo domínio do fogo
o sal na mão a flor cordial
rebentando aos pés o trono
de todas os dias nas águas
grossa espiga irrompendo
da pele respirando a boca
sobre o dia concêntrico…




2012-09-13

Demissão



DEMISSÃO

E agora o tempo acabou. Todo e qualquer experimentalismo ficará por Chicago e nem os ganhadores da contenda aceitarão tão estranha oferta. Pisar o rasto humano, a luta ancestral pelos mínimos patamares, a escassa dignidade, são pegadas que ninguém vai esquecer. Que vezo de irracionalidade em vós, poder do tempo da peste, que por canhestro cinismo haveis pensado em instrumentalizar o povo, diminui-lo, humilhá-lo sem paralelo e, depois, pisá-lo.
Abandonai o país. Trilhai o caminho sugerido aos nossos irmãos, filhos e amigos. Abdicai de um poder que não vos pertence mais, uma vez que a dominação proposta é um desonesto fascismo dessorado.
O critério existe sem vós. Agora sois ganga, mero acessório de nada e fútil festival de inanidade. E, se por cima de tudo e de todos haveis passado, é a hora da coragem demissionária. Ninguém vos quer, ninguém dará pela vossa morte, ó remanescentes “cortesãos da obscuridade”. Este é o memorando difícil que é a vossa dor. Sair, já, sem olhar para trás, eis a coragem que vos acena.
Perto, o povo assiste. Acena alegre. E esquece. 


2012-09-12

A PALAVRA QUE NÃO HÁ



A PALAVRA QUE NÃO HÁ

Em exercício inaudito, advogava o ministro Gaspar que deveríamos ser felizes sem causa, amarrando-nos ao cesariano “gosto absurdo de sofrer”. Nada de mais tenebroso e injusto, e certamente que o ainda detentor da pasta das finanças padece de lateralismo ou de torturante maleita.
Como Scythrop de Peacock, o sobraçante da pasta parece ter voltado sem nada na cabeça. Na azáfama de tudo cortar, possa Gaspar cortar a língua de Passos Coelho, verdadeiro case study da pragmática linguística – apreciem-se os bordões por ele utilizados e as vultuosas contradições discursivas em apertado espaço de tempo. O primeiro Passos apresenta tais sinais exteriores de riqueza mentirosa que, por certo, verá tão elevado e continuado pecúlio ser taxado pela sanha “Gasparina”.
No pesadelo, sem palavra, um irreconhecível Portas perde, de uma assentada, todas as bandeiras reconhecíveis. É um estado submarino que é ironia e fatal destino.
Assim imersos, estes fracos atores anunciam com a sua morte uma paixão de reformar o mundo. Está nas nossas mãos fazê-lo bem.

2012-09-11

11 de setembro


assim a morte o foi dizendo esse sussurro
que rompe os tímpanos é a noite no vento
um coração de trevas ardendo nas mãos
como os sofredores invisíveis no mundo.

morro, pensou, nesta cerca clamoroso
o mar afunda todas as minhas vísceras
e silencioso permaneço sempre mudo.

o dia o amanhã nem o lembrará frio
que da morte nem os maiores ousarão.

a morte o vai dizendo este país ardendo.

2012-09-09

lena


desde cedo em danzig desde longe aí
dia após dia isso estar perto do fogo
tudo fazer pelos outros as refeições
esplêndidas na mesa a gramática aí
escorrente nas folhas que escrevo
na lucidez dos vegetais nas noites
breves em que aromas e odores
ocupam a memória vertendo aqui
nestas páginas proletárias de cozinha.

derramo-me no tempo o livro urge
arde no cérebro todos os dias queima
nos dedos cresce tudo inunda em mim
e agora que o tenho há o inferno de stutthof.

2012-09-08

Sem mar



SEM MAR

Destruída grande parte das atividades marítimas, eis que as frotas pesqueiras, por exemplo, são uma amarga sombra do tempo. Bem advogam hoje os faustores da desgraça que nos voltemos para o mar e o exploremos. Estas palavras, vindas de quem vêm, enojam – nada resplendece sobre as cinzas. A não ser que nos queiram distrair, enganar mais, obrigar a um contemplativo estar de costas para mais sermos enganados, violentados na dor da contemplação. Este nítido nulo assusta, esta gentalha umbiguista existe, o nosso povo sofre sem lugar ao sonho.
O mar aí está um deslugar. Vamo-nos distraindo com a linha do horizonte. Sem distração, meticulosamente, este desgoverno mata-nos a vida, destruindo a vulgar esperança. Como no romance* de Vergílio Ferreira, apetece perguntar: “quando me executarão?”.
*Nítido nulo (1971)

2012-09-07

Tempo de agora



TEMPO DE AGORA

Este é o tempo de agora. Cheio de enganos, este é o nosso tempo. Está tudo acabado. Nem falta o regresso a casa e o desalento. A contradição rasga a terra há décadas e tudo se fez para nada haver. Tudo é estrangeiro, tudo é estranho. Os rótulos apensos aos frutos vindos à mão o vão anunciando, sem rigor ou desprimor.
Reforme-se o país, que reformadas estão as duas primeiras figuras do estado, com tantas outras anichadas em volta.
Em outros tempos, o desterrado da Quinta da Tapada, Sá de Miranda, pregava o regresso à agricultura. O próprio Castilho, bem mais recentemente, aconselhava os falhados órfãos das universidades, com voz tonitruante: “torna-te às terras que batatas criam”.
No tempo de agora, fica a perplexidade de não haver sítio a que regressar. E isto incomoda como ouvir falar de mais políticas de austeridade. Para quê, fazedores do nada?

2012-09-06

Guilherme de Lencastre entrevista Mário Saa: "Portugal christão-novo ou os judeus na república" (1921)



Provocante, provocatório até, Mário Saa, nesta entrevista dada a Guilherme de Lencastre, sob o título Portugal christão-novo ou os judeus na república (1921), defende que entrar no parlamento português é o mesmo que entrar numa sinagoga, e dá-nos desde logo conta de um vasto conjunto de nomes dominantes na política portuguesa judaizantes. Abrindo brechas, pouca da intelectualidade portuguesa, segundo ele, escapa à marca semita, não esquecendo sequer os seus amigos também eles judeus do 1º e 2º Modernismo. Não consta que houvesse zangas não resolvidas.

Interessante entrevista esta que mostra como os modernos ousaram até à provocação e ao discutível…

2012-09-05

A morte de Sófocles



A MORTE DE SÓFOCLES

Um pouco da morte paira por todo o lado. É o tempo da peste, dos perigosos contágios, dos desamores, das desclassificações. Já ninguém ousa louvar as três repúblicas, não obstante os louvaminheiros da do centro.
Este tempo existe e fere. Dizia há pouco Inês Pedrosa estar para breve o momento em que não haverá no nosso país pessoas que consigam ler os escritores clássicos a partir dos textos originais e muito menos os fundantes gregos e latinos.
Muitos de nós ainda lembramos o tempo em que se podia escolher Latim, Grego e Alemão sem quaisquer constrangimentos. E isso acontecia não só apenas no pós-Abril  como também no Estado Novo. As políticas educativas das duas últimas décadas mataram as Humanidades.
A tragédia inundou o tempo. Gabriel García Márquez, quando questionado sobre a obra literária preferida, sempre anunciou Édipo Rei. A morte saiu à rua. Quem matou Sófocles?

2012-09-04

O silêncio de García Márquez



O silêncio de García Márquez

O silêncio de García Márquez tem o aroma da goiaba. Em entrevista (1982) notável ao amigo Plinio de Mendoza, o escritor colombiano diz detestar transformar-se em espetáculo público e detestar toda a mostração disso. Os livros não são salsichas e o melhor do mundo é o melhor silêncio, aquele que advém do isolamento, da retração das vozes em volta. Talvez nem todos entendam Márquez, mas não o entender é não entender a arte. Um amigo que não entende isto afinal não é assim tão bom para ser nosso amigo.
É esta a finura de García Márquez, é este o aroma da goiaba… 

2012-09-03

Jerónimo Pizarro



Jerónimo Pizarro acaba de ser capa da revista Ler, acaba de publicar um conjunto de prosas de Álvaro de Campos verdadeiramente importante, acaba com o mito do pessoanismo fechado para iniciados. São calmas as suas palavras. Existem os textos e muitas possibilidades, mas nada sem os textos. Na área, Pizarro une e estimula. Faça-se luz.
A revista Pessoa plural, disponível aqui, é mais um dos seus valiosos atos para a causa. E em equipa, unindo sempre. Muitas vezes, um outro olhar é o ouro de cada dia...

2012-09-02

"Os 25 poemas da triste alegria", de Carlos Drummond de Andrade



Há momentos assim, de descoberta, de achamento do existente. Sem acabamento, todos os grandes corpora literários deixam lugar ao espanto. Sob anonimato, um ilustre bibliófilo permite a edição de um livro, digamos assim, manufaturado por Drummond aos 22 anos e enriquecido com notas e reparos da década de 30 do século XX. Silenciado e julgado perdido, ei-lo que nasce a nossos olhos, com organização de Antonio Carlos Secchin e chancela Cosac & Naify. Glória a Drummond e à língua portuguesa...

2012-09-01

Desconfiança



Nada se faz sem avaliação, dizem. Sobre o ativo laboral impende uma espada, que é a desconfiança. Outrora, bem mais do que hoje, havia margem para o erro, para a aprendizagem, para a reformulação, para a criatividade. Toda essa valia se transformou em cálculo, em defesa, em domesticação, em evidência (aquilo que, afinal, se não vê, por evidente!), em norma, em sufoco. Uma guideline vale mais do que a diferença.
Que estranha seita invadiu o país e o matou? Quem investiu estes cientistas do vazio, do opróbrio e da humilhação? Estranhamente, a resposta é simples, e não parece que os instituidores procedam do camoniano “honesto estudo” ou do “bom estudo” tão lidimamente propugnado pelo nosso Rei filósofo.
O País sabe que a avaliação não é infalível e que, como o diz Frei Fernando Ventura, não há inevitabilidades. Não podemos ensurdecer assim. Quem nos quer concessionar trabalha para a águia imperial alemã e vende-nos uma culpa que não é nossa. A desconfiança caiu na ágora. E agora?