2006-12-23

a dita cuja

[fotografia de Carlos Rodrigues Monteiro]
Ao Carlos Monteiro, espectador privilegiado
a dita da cidade é a desesperança
agora que a festa está na água
na torrente cuja lama é pântano
na serpentina dentro da boca
afagando o marfim a lâmina.
um dia os fautores e a corja
banidos da ágora aí mergulharão
na piscina pobres palhaços
sem orquestra diluvianos.
esta é a estrada do nada
estranha via cansada rouca
cópula bamba na corda mole.
na máquina e no vidro quem
de tão frios os dedos as mãos
vem dar pousio à dor à bizarra
azáfama sem verdade?
do sol uma lâmina pende
como morta a obra está
agora que jaz perdida
decepada do mistério.
um pio derradeiro de coruja
incontroverso intestinal
um dejecto cai na dita cuja.

5 comentários:

Susana Barbosa disse...

... tanta desesperança também é verdade!
Bom Natal, Martim
Beijo

Ai meu Deus disse...

Assim com poesia embelezada, há-de alguém pensar que a dita até é... bela.

Anónimo disse...

Finalmente, uma piscina pública aí por Viseu?

Su disse...

boas festas

jocas maradas e natalicias

Anónimo disse...

e a montanha pariu um rato...
(vitor)