2006-12-31

por último

dia após dia volto às palavras
esgotando o ano as águas
sabendo que a cidade branca
a memória hão-de silenciar-me.

resisto séculos passados
e contra o silêncio escrevo
não temendo a defecção
ou os lugares desabitados.

antes das chuvas sinto a pele
abrindo estiolando na carne
as vinhas desordenadas
apodrecidas já dentro do corpo.

voltarei a lisboa ao poema litoral
cortando a noite o desejo breve
e nada direi da solidão do vento
nem do mar afundado na terra.

do ano que finda anoitece a lua
o fogo das ravinas o abismo cego
dos nomes dezembrinos rindo
esmagados pela violência do betão.

eu ainda não conheço as palavras
e menos sei do rumor emparedado.

9 comentários:

Anónimo disse...

"eu ainda não conheço as palavras
e menos sei do rumor emparedado."

sabes mais do que pensas ou sentes mas ainda bem. Sócrates, o outro, não este, está contigo.
Bom ano!

Anónimo disse...

Mais uma vez muito interessante. Bom ano!

Anónimo disse...

Bom ano, cheio de palavras... Abraço!!!!

AJ@ disse...

BOM ANO !
AJ

Mário Casa Nova Martins disse...

Vai ser um 2007 em cheio!

Parabéns Martim Lourenço.

Abraço.

Anónimo disse...

Um Feliz 2007

:)

Anónimo disse...

Brilhante texto, para guardar! Abraço e boa passsagem.......

Anónimo disse...

olivença é nossa...

Anónimo disse...

martim, aqui te deixo o primeiro abraço de 2007.