Aguda, a palavra cai do peito do escritor. Sem felicidade, qualquer regresso vale um perlincafuz. E, no entanto, é dessa tibieza que podemos aprender a misteriosa vida da casa cordial.
José Régio é uma figura referencial da cultura contemporânea e uma das figuras literárias mais importantes do nosso novecentismo, todos o sabem.
Mas nem sempre assim foi. Régio cumpriu um difícil e atribulado processo formativo. Iniciando-se sob o pseudónimo José Régio com a “Toada de Natal”, de 1921, no semanário A República de Vila do Conde, avançou o poeta com colaborações coimbrãs em 1923 e 1924, em publicações como A Revolta e Bizâncio. Para trás ficavam já os precoces tentames poéticos (Violetas, com doze ou treze anos) e prosásticos da adolescência, bem como a anterior pseudonímia de que é exemplo a subscrição Vénus, no poema “Amor” vindo a lume no jornal O Democrático de Vila do Conde, pelo ano de 1915. Ficavam ainda para trás as já mais maduras colaborações na publicação quinzenal Alma Nova de Espinho e nas portuenses A Crisálida e A Nossa Revista .
José Régio é uma figura referencial da cultura contemporânea e uma das figuras literárias mais importantes do nosso novecentismo, todos o sabem.
Mas nem sempre assim foi. Régio cumpriu um difícil e atribulado processo formativo. Iniciando-se sob o pseudónimo José Régio com a “Toada de Natal”, de 1921, no semanário A República de Vila do Conde, avançou o poeta com colaborações coimbrãs em 1923 e 1924, em publicações como A Revolta e Bizâncio. Para trás ficavam já os precoces tentames poéticos (Violetas, com doze ou treze anos) e prosásticos da adolescência, bem como a anterior pseudonímia de que é exemplo a subscrição Vénus, no poema “Amor” vindo a lume no jornal O Democrático de Vila do Conde, pelo ano de 1915. Ficavam ainda para trás as já mais maduras colaborações na publicação quinzenal Alma Nova de Espinho e nas portuenses A Crisálida e A Nossa Revista .
Voltemos ao tempo de Coimbra, época em que, como o sabemos pelas Íntimo, Régio procurava uma fórmula que resumisse o fim da sua Arte e que, até novas ordens, seria aquela que ele plasmou no seu diário Páginas do Diário Íntimo, com data de 22 de Fevereiro de 1923: “Revelar, numa forma toda criada em relevos ou em sugestões, quanto há em mim de simultaneamente mais humano e mais íntimo.”
José Régio colabora na revista Bizâncio desde o primeiro número. Corre o ano de 1923 e o mês de Março, e eis que a nova revista coimbrã sai a lume com aquela nota programática de abertura da responsabilidade de Alexandre de Aragão: “Bysancio não significa de nenhum modo a sistemática exclusão da paisagem natural e formas nacionais pelo mármore dos cenários recompostos e nostalgias de poentes demorados e doentios. É mais um símbolo estético da união do que é uma resultante comum.” No entanto, e não obstante as palavras iniciais, replasma ainda a publicação coimbrã uma pesada influência simbolista e decadentista. Nela publica Régio o poema “Soneto dos Vencidos”, logo se seguindo, na revista nº 2, a “Canção do Regresso” e, no exemplar nº4, o poema “Humorismo a 40º de febre”. As vozes críticas logo se fazem ouvir, avultando, nessa reacção, os nomes de Álvaro Maia (que por Maio, referindo-se ao segundo número da revista, não se contém que não diga: “O sr. José Régio colabora duplamente: em prosa e em verso. A Canção do Regresso, maus versos: a Ultima pagina, réles prosa cheia de blasfêmia. Cebo para estes bysantinos! Para estas misérias do sr. José Régio não valia a pena estar a incomodar do somno poeirento a derrocada de Bysancio!”), e de um “amigo” de Régio, de apelido Cotta (?) (que diz, no terceiro trimestre de 1923: “Aquilo que V. compõe são bizarros retalhos de coisas que a mim, pelo menos, passam desapercebidas; o que V. ainda mais torna impalpáveis, filtrando-os pela sua imaginação ou mórbida ou exótica. Auguro-lhe que a sua compleição poética nunca se fará conhecer pelas suas composições.”)
É conturbada a iniciação de Régio, que se viu envolto em polémica, começando a ganhar notoriedade através da colaboração numa revista demasiadamente presa ao passado, enquanto a autora de Decadência, Judith Teixeira, começa a conquistar visibilidade na publicação que era o “canto do cisne” do 1º Modernismo.
Em 1926, publica Régio os Poemas de Deus e do Diabo, tendo o poeta defendido, no ano anterior, a corajosa e renovadora dissertação para licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, intitulada As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa e subscrita pelo seu nome civil, José Maria dos Reis Pereira.
A presença estava já plantada no meio de caminho. Em breve, seria o tempo de Lelito e do respirar fulgurante da velha casa. Vale a pena começar de novo e colher de cada início difícil o sopro de um verso de Píndaro que atenue o ruir da cada muro.
José Régio colabora na revista Bizâncio desde o primeiro número. Corre o ano de 1923 e o mês de Março, e eis que a nova revista coimbrã sai a lume com aquela nota programática de abertura da responsabilidade de Alexandre de Aragão: “Bysancio não significa de nenhum modo a sistemática exclusão da paisagem natural e formas nacionais pelo mármore dos cenários recompostos e nostalgias de poentes demorados e doentios. É mais um símbolo estético da união do que é uma resultante comum.” No entanto, e não obstante as palavras iniciais, replasma ainda a publicação coimbrã uma pesada influência simbolista e decadentista. Nela publica Régio o poema “Soneto dos Vencidos”, logo se seguindo, na revista nº 2, a “Canção do Regresso” e, no exemplar nº4, o poema “Humorismo a 40º de febre”. As vozes críticas logo se fazem ouvir, avultando, nessa reacção, os nomes de Álvaro Maia (que por Maio, referindo-se ao segundo número da revista, não se contém que não diga: “O sr. José Régio colabora duplamente: em prosa e em verso. A Canção do Regresso, maus versos: a Ultima pagina, réles prosa cheia de blasfêmia. Cebo para estes bysantinos! Para estas misérias do sr. José Régio não valia a pena estar a incomodar do somno poeirento a derrocada de Bysancio!”), e de um “amigo” de Régio, de apelido Cotta (?) (que diz, no terceiro trimestre de 1923: “Aquilo que V. compõe são bizarros retalhos de coisas que a mim, pelo menos, passam desapercebidas; o que V. ainda mais torna impalpáveis, filtrando-os pela sua imaginação ou mórbida ou exótica. Auguro-lhe que a sua compleição poética nunca se fará conhecer pelas suas composições.”)
É conturbada a iniciação de Régio, que se viu envolto em polémica, começando a ganhar notoriedade através da colaboração numa revista demasiadamente presa ao passado, enquanto a autora de Decadência, Judith Teixeira, começa a conquistar visibilidade na publicação que era o “canto do cisne” do 1º Modernismo.
Em 1926, publica Régio os Poemas de Deus e do Diabo, tendo o poeta defendido, no ano anterior, a corajosa e renovadora dissertação para licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, intitulada As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa e subscrita pelo seu nome civil, José Maria dos Reis Pereira.
A presença estava já plantada no meio de caminho. Em breve, seria o tempo de Lelito e do respirar fulgurante da velha casa. Vale a pena começar de novo e colher de cada início difícil o sopro de um verso de Píndaro que atenue o ruir da cada muro.
8 comentários:
pois martim
"venha quem saiba ver
venha quem saiba ler"
Régio, José rege-se pelo caminho da poesia.
abraço
Vamos com Régio e com o coração da poesia... Abraços...
venha o Martim.
e a sabedoria.
o resto?
o resto é fome. de ler.
e de reler e de gostar.
de si. assim.
Já li alguns poemas de José Régio e gostei! Boa-tarde!
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