[FARPINHAS] – TRÊS
É um lugar clássico no mundo
português: o ex. Ideologizado um dia, bem casado noutro, o ex pulveriza as
ágoras das cidades, presentificando-se, subjugando-se, alinhando nas filas dos
poderes, lapando-se aí, à espera. O ex é tudo isso e segue crassos exemplos: o
do presidente que ganha por aquilo que não faz e não aceita os proventos do que
faz mal; o da segunda figura da nação, há muito reformada e sendo ex e sendo
desex; o do engenheiro que o fora e deixara de ser e ainda o é, mas não é; o do
sarcófago tornado bento pelo bafio autárquico, com laivos de estivador passivo,
sempre ativo na sua vida partidária, sempre alapado na volúpia poderosa.
O ex existe. Cataléptico de
sonhos vencidos, ele alimenta o sonho de não estar iludido, de não ser
totalmente uma besta. Em breve, sendo-o, nascerá um nome.
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