2013-07-06

[FARPINHAS] - DOIS

[FARPINHAS]- DOIS

As férias são assim um alegre passadiço sensaborão, não fosse a acuidade auditiva fornecedora de múnus «bon à tirer». Sentemo-nos, pois, e degustemos a música em volta – é todo um mundo de diminutivos que desaba sobre a esplanada, afundando-nos no sobrevivente mundo queirosiano que tão judiciosamente nos instrui o quotidiano.
Sem exato valor real, de cromatismo duvidoso, o diminutivo tomba e retomba em gráceis gorjeios de labiosinhos apertados. O esplendor começa aí: um inefável beijinho grande cola-se ao telemóvel enquanto os imensuráveis pratinhos trazem a sopinha e as entradinhas, que tão inhas são. Ao reto juízo vêm ainda os vinhinhos, as aguinhas e inhas sobremesas, que também são inhas, só faltando o cafezinho, cada um melhor que o outro para não magoar os adeusinhos.

Potentemente criador, o português típico enfeixa-se num corpo único de Euzebiozinho e balbucia um eufórico diminutivo dominador. Quem, nominalmente civilizado, reverbera um diminutivozinho?

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