[FARPINHAS]- DOIS
As férias são assim um alegre
passadiço sensaborão, não fosse a acuidade auditiva fornecedora de múnus «bon à
tirer». Sentemo-nos, pois, e degustemos a música em volta – é todo um mundo de
diminutivos que desaba sobre a esplanada, afundando-nos no sobrevivente mundo
queirosiano que tão judiciosamente nos instrui o quotidiano.
Sem exato valor real, de
cromatismo duvidoso, o diminutivo tomba e retomba em gráceis gorjeios de
labiosinhos apertados. O esplendor começa aí: um inefável beijinho grande
cola-se ao telemóvel enquanto os imensuráveis pratinhos trazem a sopinha e as
entradinhas, que tão inhas são. Ao reto juízo vêm ainda os vinhinhos, as
aguinhas e inhas sobremesas, que também são inhas, só faltando o cafezinho,
cada um melhor que o outro para não magoar os adeusinhos.
Potentemente criador, o português
típico enfeixa-se num corpo único de Euzebiozinho e balbucia um eufórico
diminutivo dominador. Quem, nominalmente civilizado, reverbera um
diminutivozinho?
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