[FARPINHAS] – QUATRO
O devoto rebenta em cada esquina:
tenta vestir bem, engalanado nas marcas depressivas, ele veste bem a partir dos
lábios. Cruza as redes sociais com a emoção de alguém que espreita e chega a
espalhar «likes» por todos os rostos da florescência dos poderes. Cauteloso,
resguarda-se, desatina-se consigo, emudece, não dá um passo de seu, encosta-se,
sorri-se, acha-se piada, envaidece-se de si, é umbilicalmente um ser para ser.
Ajoelha à conveniência como amante de fenómenos atmosféricos - incapaz de um
rasgo não calculado, é mole, pastoso e ordinário como embalagem de «ketchup»
enfrentando o sol.
O devoto devota-se às suas
devoções maleáveis e apodera-se do momento, saudando euforicamente tudo o que é
poder e o que o poderá ser. Sem dor, o devoto não ousa levantar a voz nas
ocasiões de o fazer e revolta-se contra alvos errados, nédio de bajulações.
O devoto é perigoso, porque é
devoto de si.
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