2013-07-12

[FARPINHAS] – QUATRO

[FARPINHAS] – QUATRO

O devoto rebenta em cada esquina: tenta vestir bem, engalanado nas marcas depressivas, ele veste bem a partir dos lábios. Cruza as redes sociais com a emoção de alguém que espreita e chega a espalhar «likes» por todos os rostos da florescência dos poderes. Cauteloso, resguarda-se, desatina-se consigo, emudece, não dá um passo de seu, encosta-se, sorri-se, acha-se piada, envaidece-se de si, é umbilicalmente um ser para ser. Ajoelha à conveniência como amante de fenómenos atmosféricos - incapaz de um rasgo não calculado, é mole, pastoso e ordinário como embalagem de «ketchup» enfrentando o sol.
O devoto devota-se às suas devoções maleáveis e apodera-se do momento, saudando euforicamente tudo o que é poder e o que o poderá ser. Sem dor, o devoto não ousa levantar a voz nas ocasiões de o fazer e revolta-se contra alvos errados, nédio de bajulações.

O devoto é perigoso, porque é devoto de si.    

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