2007-12-25

"Natal", por João César das Neves


Natal 20 | 12 | 2007 09.00H

O Natal é uma canseira, uma despesa, uma trapalhada. Perder imenso tempo a fazer doces e decorações, gastar um dinheirão em presentes e jantares, suportar a confusão dos cartões de boas-festas e das refeições de família. Estes dias nem se consegue ler o Destak em paz, porque é Natal.
É assim desde o princípio. A canseira que não foi para a Senhora, grávida de mais de oito meses, fazer centenas de quilómetros até Belém! A despesa da viagem, do nascimento, da ida para o Egipto! A trapalhada do recenseamento, da falta de acolhimento, do estábulo! Para não falar na confusão das visitas dos pastores, dos magos e, pior, dos soldados de Herodes. Acima de tudo, canseira, despesa e trapalhada estão mesmo no centro do mistério supremo que nos leva ainda hoje a celebrar o Natal. Porque o Deus sublime quis vir através dos céus nascer como um bebé. Porque o Senhor do universo dissipou toda a sua glória, escondendo-a naquele estábulo. Porque Ele sabia que os homens não o reconheceriam e iriam desprezá-lo e tentar matá-lo, até conseguirem.
O Natal só existe porque o Verbo de Deus quis suportar uma enorme canseira, despesa e trapalhada pela nossa salvação. Por isso hoje, quando corremos, gastamos e sofremos por causa do Natal, ao menos lembremo-nos do que Ele e sua Mãe correram, gastaram sofreram. Por nós. Participar no Natal é amar o próximo, mudar de vida, entrar no amor. Mas se não o fizermos, mesmo que não o queiramos fazer, ao menos participamos no Natal repetindo a canseira, despesa e trapalhada que foi desde o princípio. Feliz Natal!
João César das Neves

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