2006-02-19

as naus já não existem em Olivença

o silêncio nas casas incomoda a lepra dos muros.
a chuva que fende a noite inunda a liquidez das pedras
e das naus que já não existem em olivença.
as paredes caladas sofrem o tempo passado
que não mais será, água sobre água que cai.
o musgo antigo toma o granito e as fendas,
os fungos e os líquenes entalam-se no flanco.
das janelas o lixo da usura inunda a praça
e cai sobre os uivos dos cães dentro do escuro.
inverno é já muito no corpo espacejado desta pátria
sem a língua na morada e o rosto fora do corpo.
em dezembro o corpo há-de ser corpo...

3 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

água que cai no flanco dos dias....

bom dia Martim.


(e eu que nunca lá fui...)

vou agora pelas suas palavras....
beijo.

porfirio disse...

...a chuva na noite é uma cortina de anémonas...

abraço

Anónimo disse...

Olivença é nossa.