Vem aí O caminho fica longe (1943), de Vergílio
Ferreira
Escrito de janeiro a dezembro de
1939, entre Coimbra e Melo, este romance de Vergílio Ferreira O caminho fica longe, que acabou de
imprimir-se aos 25 de agosto de 1943, veio a integrar a prestimosa «Biblioteca
da Nova Geração» da Editorial “Inquérito”. Uma bonita ilustração de capa
incorpora, na visão sobre a cidade de Coimbra, um caminho terreno e etéreo,
abrindo, desde logo, a expetativa de um caminho intangível e impossível.
Trata-se, indubitavelmente, de um
grande romance já, com um conjunto de propriedades, estruturais também, que só
fazem lamentar que o objeto não tenha tido a receção devida e que, já agora, o
próprio escritor para tal tenha contribuído, com o fechamento e exclusão da
obra canónica. Como exemplar de uma carreira nascente, este romance contém um
conjunto de atrativos a respeitar: seja a influência queirosiana, utilizada,
sem angústia, com peso e medida; seja o halo modernista de uma certa ficção à
Mário de Sá-Carneiro e de induções à Álvaro de Campos; seja ainda a ágil
utilização das temáticas existencialistas (a morte e a vida, a condição humana,
o sofrimento…) ou a filia cinemática, à boa maneira presencista, com aquele
interessantíssimo «Intervalo»; seja, por fim, a linhagem neorrealista que o
livro também abraça.
Felizmente, pode o público, no
próximo mês, adquirir por preço módico este caminho
e romper com mais um impossível silêncio.
Viseu, 10 de janeiro de 2016
Martim de Gouveia e
Sousa
1 comentário:
Muito bom dia!
Sabe quem desenhou essa capa representando a cidade de Coimbra?
Agradeço antecipadamente a sua resposta.
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