OS LIVROS DE 2013: Eu
sou uma antologia – 136 autores fictícios de Fernando Pessoa – Edição de
Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari [Lisboa, Tinta-da-China, MMXIII
(novembro)].
É uma nova luz sobre Pessoa este olhar atento sobre
a desmultiplicação. Partindo da perplexidade pessoana de não saber quantas almas tinha, Pizarro e Ferrari,
provando que a consistência não tem idade nem pátria, encaram a «escritura» com
o rigor dos apaixonados – amar é afinal perder quaisquer transbordamentos e
respeitar o que está como quem sabe o que está. Esta lição filológica vem muitas
vezes de fora. Dentro, há um emaranhado de quintinhas que torna os autores estéreis
e manobráveis. Integrando e excluindo, e sempre explicando, este trabalho é,
sem dúvida, um lugar maior sobre a magnífica orquestração daquele que disse:
«sejamos múltiplos, mas senhores da nossa multiplicidade».
Não ver esta antologia em Pessoa é não ver a
literatura em 2013 servida sabiamente por quem sabe. O resto é Pessoa e os
estilhaços calculados.
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