O último romance Mário
Cláudio Tiago Veiga – uma biografia (2011)
é um caso sério na literatura portuguesa, sendo também um não menos
interessante momento de despiste genológico. Obra que o tempo mais coonestará,
as abundantes transmigrações de seres culturais para a intriga fazem da malha
claudiana um espaço de atração e de riqueza ficcional.


Adiante, referindo-se à
pouca presença de Tiago Veiga na vida literária e à mesa da Brasileira do Chiado,
sítio também de “hostes da má-língua” (p. 377), diz-se que de Aquilino Ribeiro “referiam
a índole de lapuz de falas sibilantes que desembarcara da sua Beira Interior, a
fim de assassinar El-Rei”.
E será pela voz de
Ferreira de Castro, em desabafo a Tiago Veiga, que se saberá que o rumor de
Castro escrever mal vem dos mesmíssimos fulanos que acusavam Aquilino “de
escrever bem demais, e de não conseguir contar uma história” (p. 473). E tudo
isto resultou da propositura de Aquilino e Miguel Torga ao Nobel…
Mas abandonemos esta
deambulação de Aquilino pelo mundo de Tiago Veiga e conclua-se da inegável
qualidade literária da obra de Mário Claúdio, que, aliás, sempre nos habituara
a bem elevados cumes de que o presente é, para já, o maior.
A benefício de
inventário e para ulterior correção, não espanta que em obra de fôlego assim
escapassem, entre outras possíveis, as seguintes gralhas: Albaninho estava na
aldeia Aveloso e não Avelanoso, como se refere na página 350; quando a páginas
739 se menciona Desesperado como o
primeiro título de Carlos Queiroz, deve ler-se Desaparecido; e António Salgado Júnior não era licenciado em
Filosofia Românica, antes em Filologia Românica (p. 750).
Esta é uma obra maior
do 2011 português (a maior?). Em volta, a escumalha literária procura
engrandecer uma infraliteratura que não tem lugar ao lugar, escudada que pensa
estar pelo cobrimento político, pela cratera imunda…
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