Nesta interessantíssima obra de Diamantino Calisto, publicada em 1950, encontramos, entre outras interpretações picarescas, a visão que Carlos de Lemos - patrono fundador desta revista, que também existe em série rediviva, com Beatriz Pinheiro (de Lemos) - tem da célebre Sebenta, "essa velha instituição universitária, teta ubérrima donde emanava toda a catedrática e infalível ciência infusa, precisa para a conquista da almejada carta de bacharel", como o defende Calisto. Leia-se, pois, o poema de Carlos de Lemos:
NARCÓTICO
Tirou Deus duma costela
Do Pai Adão a mulher,
Mas, pr'a ela sair bela
Tinha Adão de adormecer.
Ora Adão, com medo dela
Não punha olhos sequer...
Vai Deus, vendo-o sempre à vela,
Que havia Deus de fazer?
Mandou ir da Lusa Atenas
Uma "Sebenta" do Dias,
Por sinal, das mais pequenas.
Diz o profeta Isaías
Que Adão, com o cheiro apenas
Dormiu dum sono oito dias! (p. 35)
Destas e doutras diatribes contra o modo coimbrão universitário participam nomes como o de Carlos de Lemos, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Branquinho da Fonseca e tantos outros, até porque, em muitas das vezes, tal acrimónia é também amor, dor e saudade...
Destas e doutras diatribes contra o modo coimbrão universitário participam nomes como o de Carlos de Lemos, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Branquinho da Fonseca e tantos outros, até porque, em muitas das vezes, tal acrimónia é também amor, dor e saudade...
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