2012-12-09

dos "Diários" de Al Berto - 11


"Aves de vidro entre a pele e as unhas." [p. 126]

Entre a pele e as unhas isto, um imenso rio de aves, todo o azul possível entrando nos pulmões e uma poucas nuvens de aço junto ao coração. Aí, nessa sombra, toda a virtude é possível, porque nenhumas portas o cercam. Aberto, o cerco não o é e os fios de luz, sempre libertos, correm no sangue até ao íntimo estuário em que propulsam.
Sem família, sem tribo a que pertença, não sei, como pensava Vergílio Ferreira, se a velhice é um sobejo. Mas acho que sim. E por isso que uma ave rediviva repouse nesta mão que estendo. Minha como tua, estendo. Fundo.

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