2012-08-10

Glória a Rui Knopfli


Alertado por imagem que passava no meu facebook, apercebi-me, através de Eduardo Pitta, que se Rui Knopfli estivesse vivo faria hoje 80 anos. Bem, dias de ler poetas maiores são todos. Mas este, de facto, merece uma homenagem por dentro dos textos. E vá de reler esse lugar maior que é "Mangas verdes com sal".
Reli-o pela 1ª edição, que felizmente possuo na minha biblioteca. E o objeto, que apresento em imagem, é um livro pleno de sinais: a capa é de António Quadros (o poeta João Pedro Grabato Dias), a "Nota muito sumária a propósito da Poesia de Moçambique" é de Eugénio Lisboa e trata-se da obra inaugural da coleção "N'Goma", de "textos e problemas moçambicanos".
É um livro avassalador, belíssimo. Na releitura, perto do fim, topo com esta pérola, que transcrevo:

[SEM NADA DE MEU]

Dei-me inteiro. Os outros
fazem o mundo (ou creem
que fazem). Eu sento-me
na cancela, sem nada
de meu e tenho um sorriso
triste e uma gota
de ternura branda no olhar.
Dei-me inteiro. Sobram-me
coração, vísceras e um corpo.
Com isso vou vivendo.


Ando a reler estas "mangas". Já reli. Mas é como se nunca acabasse a leitura. Glória a Knopfli.

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