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O caso de Günter Grass acontece porque o homem continua a ser lobo do homem. As consciências perseguidas e arrependidas têm história longa. E, no entanto, facilmente se esquece a memória, por conveniência ou golpe rasteiro. O homem que o é viverá sempre com os seus medos e omissões. Importa é que as acções póstumas à “falha” descomprometam o caminho e aliviem as culpas. Quanto de homens enormes confessando tarde, “in rigor mortis”, as suas “faltas”?!
Admitir, mais tarde ou mais cedo, o arrependimento por um facto biográfico mais obscuro atesta a dignidade do homem. A efusão da turba ou os falsos moralismos nem são de espantar, de tão vulgares.
O poeta quinhentista e deslembrado António Ferreira fala assim do medo que ainda hoje afecta as mentes mais livres: “A medo vivo, a medo escrevo e falo; / hei medo do que falo só comigo; / mas ainda a medo cuido, a medo calo.” Grass ultrapassou, felizmente, a fronteira do medo, deixando falar o recalcamento de décadas.
António Serrão de Crasto, um judeu português de Seiscentos que Camilo Castelo Branco resgatou do esquecimento com a publicação, em 1883, do poema inédito “Os Ratos da Inquisição”, bem alerta, dizendo que “é um rato o tempo fero; / outro o mundo maldizente”.
E sei, repetindo a modelar crónica de Diogo Pires Aurélio, “que não trocaria uma página d’ “O Tambor” pelas obras completas de nenhum dos seus críticos.”
O caso de Günter Grass acontece porque o homem continua a ser lobo do homem. As consciências perseguidas e arrependidas têm história longa. E, no entanto, facilmente se esquece a memória, por conveniência ou golpe rasteiro. O homem que o é viverá sempre com os seus medos e omissões. Importa é que as acções póstumas à “falha” descomprometam o caminho e aliviem as culpas. Quanto de homens enormes confessando tarde, “in rigor mortis”, as suas “faltas”?!
Admitir, mais tarde ou mais cedo, o arrependimento por um facto biográfico mais obscuro atesta a dignidade do homem. A efusão da turba ou os falsos moralismos nem são de espantar, de tão vulgares.
O poeta quinhentista e deslembrado António Ferreira fala assim do medo que ainda hoje afecta as mentes mais livres: “A medo vivo, a medo escrevo e falo; / hei medo do que falo só comigo; / mas ainda a medo cuido, a medo calo.” Grass ultrapassou, felizmente, a fronteira do medo, deixando falar o recalcamento de décadas.
António Serrão de Crasto, um judeu português de Seiscentos que Camilo Castelo Branco resgatou do esquecimento com a publicação, em 1883, do poema inédito “Os Ratos da Inquisição”, bem alerta, dizendo que “é um rato o tempo fero; / outro o mundo maldizente”.
E sei, repetindo a modelar crónica de Diogo Pires Aurélio, “que não trocaria uma página d’ “O Tambor” pelas obras completas de nenhum dos seus críticos.”
5 comentários:
Gosto quando a serenidade baixa sobre uma análise.
Límpido e humano! Parabéns!
o lobo do homem.............:)
olá Martim....a simplicidade assusta tanta gente não é?
porque será?
Obrigada. por tudo.
beijos.
olha daisy,
a ratazana vai no adro!
grande Günter Grass...
aquele abraço
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