2015-12-06

O rigor de Luandino Vieira



Um escritor que o é exemplifica-se, não temendo a diferença, a superioridade igual. Na linhagem, nesse antigamente presente, o escritor enlaça-se em Joyce e abraça Guimarães Rosa. Juntos são indivíduos, genialidades afins na diferença e na indesmentível integridade.
José Luandino Vieira é um escritor, mesmo quando não escreve. Di-lo o que escreveu e o que não escreveu. O rigoroso silêncio exemplifica ainda a sua mestria - o silêncio, esse motivo definidor e diferenciador. Luandino não é festas e néon, comércio e prémios, comendas e literatice - ele é literatura e não usura disso.
E tudo isto a propósito dos fulgurantes Papéis da prisão (Apontamentos, diário, correspondência) [1962-1971] (Alfragide, Editorial Caminho, 2015) e de ditos como o seguinte:

«Queria escrever o conto, mas estou com o medo habitual do papel branco...» (p. 96)

Luandino, mestre que o é...

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