Luandino &
Aquilino
Depois de ter pensado nisso, nada
melhor do que escrevê-lo. É ou não verdade que quando, por exemplo (mas esta exemplificatio é muito importante),
lemos O Malhadinhas, logo pensamos
nas estórias de Guimarães Rosa e Luandino Vieira? E tal linha identitária não
se restringe apenas à ambiência, antes a toda uma estrutura criativa que faz
Rosa e o seu Grande Sertão um
intertexto de Aquilino, o mesmo se passando com Luandino, que aquilinianou.
Vamos então à confidência do
escritor angolano que escrevia e como poucos escreve. Inscrever em obra que o
tempo assinalou frases como «A chuva saiu duas vezes nessa manhã.»[1]
ou «Ri um riso triste, gasto, rouco do tabaco das cigarrilhas fumadas para
dentro.»[2]
é abandonar a literatice e entrar, rapidamente, na cidadela da literatura.
Dobra, portanto, o valor da nota que Luandino apõe no seu diário, com data de
16-7[-1967]:
«Para o pai, no dia dos anos, o
«Malhadinhas» do Aquilino – faz-me lembrar o que ele me contava do avô Balhão.»[3]
Luandino admite a influência, as
múltiplas influências. E nem dizer ‘do’ é dizer ‘de’. Mas, afinal, quem não
aquiliniana?
Viseu, 15 de dezembro
de 2015
Martim de Gouveia e
Sousa
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