O RUMOR DA LÍNGUA
1. Ouço-te junto
ao ruído da sílaba
som múrmuro
que escuto
junto à voz pri-
mordial.
o canto da palavra -
como um fluxo vital
sinto-me vivo
e tomado de
vontade.
3. O jovem hegel
escuta o silêncio
e diz:
nenhuma voz
nenhuma luz
na noite imóvel.
irrompe em
gume
contra o vazio
que seria não nomear-
-te.
da consciência
junto ao ombro
do silêncio
donde clama
o sentido da
palavra,
grita em
alarme
o centro opaco
do significante.
é canto
sempre que a tua
presença-ausente
se anuncia
no sopro do vento.
7. É perfeita
a voz envolvente
da aragem pré-babélica...
Jorra,
jorra de novo
sem semiótica
e sem semântica
o sopro livre
da intenção do desejo.
8. De novo orpheu
enleia a linguagem
e me persuade
pelo encanto da palavra...
Cedo outra vez
como um marinheiro
ferido de morte
pelo hálito das sereias.
e a voz do silêncio
corta a madrugada
e o indizível do encanto
repete-se o sortilégio
e o terrível fardo de não dizer-te.
10. flatus vocis
sobe do espírito
sobre o deserto
do por dizer
nada é dito
nada se pode dizer
só o embaraço
e a azáfama
do coração.
11. Dentro do poema
devoro o amanhecer
e as pálpebras cansadas
das verdes águas
que cavalgam
no azul das veias.
12. A harmonia das esferas
conduz a palavra sensata
pelo labirinto
rumoroso
das torrentes cinéreas...
13. Dentro de mim
existe a voz
e o código
do silêncio
não fales
ouve
é o rumor da língua.
4 comentários:
.
longe de mim falar.
.
dizer o quê?
.
Martim.
.
Não falo, não, Martim. Leio, oiço e tento reter.
Na surpresa afim
– voz in crível -
o aluvião silente
estrépito coevo
silencia.
Os sinos dobram possibilidades
e as carroças rumorosas porfiam nos caminhos...
Thank you.
BRAVO!!!
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