2013-08-19

[FARPINHAS] – TREZE

[FARPINHAS] – TREZE

«É vê-los no rapa-que-rapa, rapapé, rapa-tacho», dizia Alexandre O’Neill, referindo-se aos vestibulantes. Estes seres abundam no território nacional, encalhados entre o que desejavam ser e o que são. Aparentemente cordatos, os vestibulantes são profissionais de um mester opaco e gorduroso – o da serventia interessada, o do funcionalismo espontâneo. Junto de nós, o vestibulante brilha, manipula, atravessa-se, individualiza-se. Longe, esvai-se em mediania de vulgar rececionista.
O vestibulante não entra nem sai, vestibuliza. Habitualmente não falha nos anos, nas festas, nos brilhos eufóricos. Avesso, o vestibulante tropeça nos sentimentos, nas palavras, nas convicções e, muitas vezes, em si.
O vestibulante gosta de ombros e de encostos. Gosta também de tudo o que lhe é superior e alheio. Quase não vive e respira abundantemente sobre as pessoas, querendo ser como elas. O vestibulante olha para os seus objetos com ar protetoral.

O vestibulante promete aquilo que é – uma verdadeira nódoa.

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