[FARPINHAS] – TREZE
«É vê-los no rapa-que-rapa,
rapapé, rapa-tacho», dizia Alexandre O’Neill, referindo-se aos vestibulantes.
Estes seres abundam no território nacional, encalhados entre o que desejavam
ser e o que são. Aparentemente cordatos, os vestibulantes são profissionais de
um mester opaco e gorduroso – o da serventia interessada, o do funcionalismo
espontâneo. Junto de nós, o vestibulante brilha, manipula, atravessa-se,
individualiza-se. Longe, esvai-se em mediania de vulgar rececionista.
O vestibulante não entra nem sai,
vestibuliza. Habitualmente não falha nos anos, nas festas, nos brilhos
eufóricos. Avesso, o vestibulante tropeça nos sentimentos, nas palavras, nas
convicções e, muitas vezes, em si.
O vestibulante gosta de ombros e
de encostos. Gosta também de tudo o que lhe é superior e alheio. Quase não vive
e respira abundantemente sobre as pessoas, querendo ser como elas. O
vestibulante olha para os seus objetos com ar protetoral.
O vestibulante promete aquilo que
é – uma verdadeira nódoa.
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