[FARPINHAS] – DEZ
Andam por aí de há dois anos para
cá, os lapelinhas. Pelo menos, desde há dois anos que os lapelinhas inundam os
espaços públicos. Por último, haverá um ano ou mais, os lapelinhas só entram em
capelinhas para não serem apupados pelo povo. O povo é uma doença enorme para
os lapelinhas – vai-se a ver e o povo queixa-se, tem voz, protesta, ousa
desafiar quem transporta na lapela os símbolos nacionais. A pique, os
lapelinhas caem abraçados ao país que vão matando e que notoriamente renegam –
e os jovens e os idosos e os doentes e as pessoas não são bem mais do que
patriotismo presumido?
Os lapelinhas comandam a nação.
Uma deles chega a recitar Beauvoir por várias vezes e quer interditar as
galerias do povo, assim cuidando da nossa salvação. Os lapelinhas não se
enxergam, vomitam doses industriais de selvajaria capitalista. Em tão
ingloriosos peitos, os símbolos da nação emurchecem e estiolam.
Os lapelinhas cheiram mal.
Encostados aos símbolos, eles são mera fatuidade.
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