2013-08-03

[FARPINHAS] – DEZ

[FARPINHAS] – DEZ

Andam por aí de há dois anos para cá, os lapelinhas. Pelo menos, desde há dois anos que os lapelinhas inundam os espaços públicos. Por último, haverá um ano ou mais, os lapelinhas só entram em capelinhas para não serem apupados pelo povo. O povo é uma doença enorme para os lapelinhas – vai-se a ver e o povo queixa-se, tem voz, protesta, ousa desafiar quem transporta na lapela os símbolos nacionais. A pique, os lapelinhas caem abraçados ao país que vão matando e que notoriamente renegam – e os jovens e os idosos e os doentes e as pessoas não são bem mais do que patriotismo presumido?
Os lapelinhas comandam a nação. Uma deles chega a recitar Beauvoir por várias vezes e quer interditar as galerias do povo, assim cuidando da nossa salvação. Os lapelinhas não se enxergam, vomitam doses industriais de selvajaria capitalista. Em tão ingloriosos peitos, os símbolos da nação emurchecem e estiolam.

Os lapelinhas cheiram mal. Encostados aos símbolos, eles são mera fatuidade.

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