2013-01-04

Diálogos com poetas: Sophia, Tolentino Mendonça, José Agostinho Baptista e Manuel Gusmão

"Quem poderá deter
O Instante que não pára de morrer?" - Sophia dixit. E eu ouço.

*

"Podia morrer por uma só dessas coisas
que trazemos sem que possam ser ditas".

É José Tolentino Mendonça quem diz. Aproximo-me e calo-me. No silêncio sonho onde morro.

*

"Ninguém me visita, 
ninguém sobe as minhas escadas de pedra
nestes dias de Inverno,
neste país de medo". 

Arrebatadoras, as palavras de José Agostinho Baptista são um lugar único. Neste país de medo, não há escadas para tal fulgurância. Um poeta não se vende, nem arrenda o corpo à espera de um olhar. Quem olha assim não pode ser visto por qualquer um. Assim "as aterradoras inscrições de uma vida" que os desencaminhadores do poder ousam adensar...

*

"Ouvia outra vez a linguagem:
a montanha, desde sempre a linguagem - e era um mar
nascendo no visível do outro lado: o som do verde."

Assim o teatro poético de Manuel Gusmão. Magnífico, intenso, renovador, convidando ao silêncio, à pregnância auditiva. Como ouvir o outro lado?

1 comentário:

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