2012-04-22

é o vento

devastado um corpo emerge das ondas
erecto o crânio esconde a nevrose o ar
húmido que desce aos pés vem do vento
elemento cúmulo de veias de ocres fanais
que inundam todos os espaços a memória
exangue dispersa-se duvidosa nos vidros
na incerta nitidez das rotas escuta o vento
porque sem lugar não há família original
nem declinar de outono nem vida na terra.

é o vento na chuva as águas esparsas a cor
da cal derramada na pele fundente viscosa
cinérea medida dos fogos calcinados as casas
afundam-se nos órgãos abrem-se nos poros
esticando a pele as suas fissuras o íntimo ser
nervo a nervo persiste deflagra o antigo estio
na pequena face nos ossos previsíveis no vento.

na chuva o vento o sangue a morte excessiva...

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