[fogo no mundo]
no mundo a poeira não deve ao ânimo a calma
antes a antiquíssimo tatear que vem do fundo
onde o tempo elide o cálculo e os simples gestos
daí o sangue faz rasura da vontade porque chama
não morre ardente irrompendo na manhã como hino.
como hino a fonte canta e todos os líquidos clamam
contra os abismos os medos as traições os enganos
que nenhum vazio corra ou seja que expluda sendo
como escasso inferno manchando-nos as almas…
então todas as vertigens «como quem fabrica uma
festa, um teorema, um absurdo»* com este
fogo.
*Verso extraído do
poema «nunca mais quero escrever numa língua voraz» ínsito nas Servidões de Herberto Helder, p. 57.
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