2017-08-09

SOBRE O LEITOR DE AQUILINO – O CASO DE JOSÉ MANUEL MENDES




SOBRE O LEITOR DE AQUILINO – O CASO DE JOSÉ MANUEL MENDES

Não pode haver fé nisto: um leitor é um leitor, não é uma “carroça” de interesses. Dos afeitos aquilinianos, leitores dele, do Mestre, sem exclusivo, não valerá a pena falar – os textos críticos aí estão desde há décadas sem interesse de nomeação.
Serve este intróito para dizer que Aquilino, como mão escrevente de obra canónica e incontornável, interessa aos leitores que lêem, não às facções e interesses, que nesse produtivo jogo se esgotam, com toda o êxito temporal que nisso se encerra.
Citarei, no entanto, um desses leitores que, porque o é, lê Aquilino, tanto mais que o nosso escritor, que José Manuel Mendes também é, ´permanecerá indisputável – um leitor lê Aquilino, sem discussão.
Diz Mendes e eu subscrevo, com um arrepio na pele, face ao carácter certeiro do asserto:
«Daí que recordar hoje Aquilino Ribeiro, um dos indómitos construtores dos estuários de abril (em que não mergulhou a sua euforia pelo conjugar de energias para um porvir mais justo), seja honrar o aceso passado da nossa esperança transformadora. Aquela que prossegue em nós, qualitativamente fertilizada pelos sinais e experiências de uma certeira visão da história, por sobre todos os incidentes, até cumprir-se a humanizadora jornada que é o húmus que nos aviventa,» (Mastros na areia, Viana do Castelo, Centro Cultural do Alto Minho, 1987, p. 36.)
Assim Aquilino, assim o poder de uma profunda transmissão…

Viseu, 9 de agosto de 2017
Martim de Gouveia e Sousa

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