SOBRE O LEITOR DE
AQUILINO – O CASO DE JOSÉ MANUEL MENDES
Não pode haver
fé nisto: um leitor é um leitor, não é uma “carroça” de interesses. Dos afeitos
aquilinianos, leitores dele, do Mestre, sem exclusivo, não valerá a pena falar –
os textos críticos aí estão desde há décadas sem interesse de nomeação.
Serve este
intróito para dizer que Aquilino, como mão escrevente de obra canónica e
incontornável, interessa aos leitores que lêem, não às facções e interesses,
que nesse produtivo jogo se esgotam, com toda o êxito temporal que nisso se
encerra.
Citarei, no
entanto, um desses leitores que, porque o é, lê Aquilino, tanto mais que o
nosso escritor, que José Manuel Mendes também é, ´permanecerá indisputável – um
leitor lê Aquilino, sem discussão.
Diz Mendes e eu
subscrevo, com um arrepio na pele, face ao carácter certeiro do asserto:
«Daí que
recordar hoje Aquilino Ribeiro, um dos indómitos construtores dos estuários de
abril (em que não mergulhou a sua euforia pelo conjugar de energias para um
porvir mais justo), seja honrar o aceso passado da nossa esperança
transformadora. Aquela que prossegue em nós, qualitativamente fertilizada pelos
sinais e experiências de uma certeira visão da história, por sobre todos os incidentes,
até cumprir-se a humanizadora jornada que é o húmus que nos aviventa,» (Mastros na areia, Viana do Castelo,
Centro Cultural do Alto Minho, 1987, p. 36.)
Assim Aquilino,
assim o poder de uma profunda transmissão…
Viseu,
9 de agosto de 2017
Martim
de Gouveia e Sousa
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