A BIBLIOTECA
ILUMINADA – sobre A biblioteca à noite
de Alberto Manguel
É um caso raro
de fascínio este de haver um objecto literário de cerca de 300 páginas que nos
obriga (obriga mesmo!) a uma prisão de fim-de-semana. Partindo de si, da sua
biblioteca “desordenada”, é de fulgurações e de desvelos e de incêndios
bibliográficos que Manguel fala. Sendo mito, ordem, espaço, poder, sombra,
forma, acaso, oficina, mente, ilha, sobrevivência, esquecimento, imaginação,
identidade e lar, a biblioteca é tudo e é nada, e é mais do que a própria vida.
Não mais do que
consolação buscando, Alberto Manguel constrói a sua biblioteca nocturna,
nascida com a forma de “um celeiro alcandorado numa pequena colina a sul do
Loire”, como quem erige um farol no tempo, historiando, relacionando,
escrevendo e interpretando. E o que ressuma desse labor é a conclusão de
estarmos perante um fabuloso leitor de livros com uma incisiva capacidade
mostrativa.
Para a nossa
glória de portugueses são mencionados os nomes de Eça de Queirós, Camões, Padre
António Vieira e Fernão Mendes Pinto, bem como o seminário israelita português.
E parte disto é um glorioso cânone assim reconhecido por um leitor comum e
profundo…
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