2016-09-29

[guia de audição]

[guia de audição]

ouve-me agora neste rasto assim tão fundo
que cruza  todo o planeta e os longes mares
de espuma que transbordam no íntimo peito.

ouve o dia o insólito dos limiares o fogo breve
os leitos correndo contra as angústias do sangue
o súbito declinar dos dias os longos trabalhos.

encosta tudo à limpidez das horas às sombras
calmas das manhãs aos horizontes marinhos
entre tudo e nada fulgurando entre os dedos.

lê o poema e a agudeza: «Dá-me mais vinho,
porque a vida é nada.»  Conclui, conclui então
que, isso sendo, tudo é, porque o nada é tudo.

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