2009-09-16

os lábios dentro da cal

morre a cidade aos bocados
porque de todos os lados
em cada dia que passa raso
um momento tolhe o lenço
imerso na memória parada.
dentro vejo-te ainda acenando
como se não houvesse ponte
e impossível regresso. como
afinal a brancura da cal fere
a morte que te coube e cabe
em nós assim o rigor as trevas.
alguém disse o silêncio e eu
não ouço fitando os teus lábios.

[os lábios dentro da cal, na morte do ferreira]

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