Não são primiciais as palavras de Fernando Cabrita. Estas novas incisões na casa da poesia vêm mesmo galardoadas com o Prémio Nacional de Poesia Mário Viegas de 2008 e com suficiente aparato paratextual de Francisco Moita Flores, Presidente da Câmara Municipal de Santarém, Tiago Torres da Silva, Presidente do Júri do Prémio, e Maria da Graça Morgadinho, Presidente da Direcção do Centro Cultural Regional de Santarém. A pintura original plasmada na capa é também do Autor, assim se desvelando mais uma das suas facetas artísticas.
Iluminante, a epígrafe motivemática de Ibne Almutâmide, cai rasante sobre um macrotexto belo e denso de memórias saudosas de outro e mesmo alcácer. Di-lo o catafórico título, como o vão dizendo, em ritornello, as lacerações da cal doméstica ou as alarmadas e belíssimas palavras finais que rompem a pele:
Jazemos também nós,
entre as orquídeas vãs da terra,
o vento em vasta inquietude, em turbilhão de luz e seda;
e nada há que possa, nada,
trazer-nos de volta a casa,
de volta ao lar que foi nosso um dia.
E esta qualidade tem um quid rilkeano e hölderliniano que não se esquece. Está de parabéns a Editora Gente Singular por mais uma edição e por trazer a público aquele que é já um dos grandes momentos poéticos do ano. A capa é de Adriana do Céu.
[agradecimentos a Evelina Gaspar, pelo despioramento textual]
1 comentário:
o meu abraço. eterno e terno.
y.
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