2007-06-22

lume geográfico

a princípio o mar é uma vela
aquecendo a pele a flor dos ossos
e nesse momento nada mais és
do que uma flor peregrina vogando
desde longes sem princípio ou fim.

depois vem o cansaço a inércia
cinzenta da monástica acédia
como a chuva corpo declinando
matéria rolando desamparada
caindo a pique em poço fundo.

agora o tempo vem sem usura
lustral o corpo balança ladeando
corpo contra corpo aberto sendo
no chão germinando dentro da terra
anelante de pressão sobre a carne.

afagando gea recebe a semente
e a sede então contigo sendo.

9 comentários:

vieira calado disse...

Um poema complexo, bem esgalhado.
Muitas vezes também escrevo coisas complexas.
Por isso gostei deveras.

isabel mendes ferreira disse...

fértil sementeira de um lume

que ninguém há de extinguir!!!!!!!!!!



beijo. de madrugada.


Martim.

Anónimo disse...

Já esperava ansiosamente estas palavras férteis. Abraço...

isabel mendes ferreira disse...

uma das minhas "músicas..."....





Martim....obrigada.




beijo.

Su disse...

jocas maradas de água

hfm disse...

Tinha saudades destes teus poemas... a procura da poesis nas palavras dos sentidos.

veritas disse...

Lute-se contra a inércia...imaginando essas velas que circunscrevem os mares, onde um dia gostariamos que as cinzas se fundissem...

Bjs. Óptima semana.

morffina disse...

Esse "lume" está bem localizado, com certeza ... :)

Já Camões falava num fogo semelhante, mas mais platónico... Digo eu!

Abraço
MF

Zénite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.