o homem que calculava
Luiz Pacheco não engana. Certeiro, indaga e mostra. E depois explode: «Não havia ali meios-termos, gente dupla, a jogar em todas as cartas do triunfo ao mesmo tempo e baralhando os naipes, perdendo ora nuns ora noutros, perdendo tempo, em suma.» E aí é um punhal de justiça: «E se há gente desgostosa e desgostante é esta, incapaz de acertar a relojoaria própria, acorrentada à sua duplicidade, ambígua, ziquezagueante, desnorteada, aos encontrões aos outros, e sempre resvalando para a valeta, porque a meta são duas, jamais se unem, e combatem-se uma à outra.»
Esta fábula de origem pachequiana ensina que há gente que não merece consideração. Dupla, desgostosa e desgostante, ambígua e ziquezaguente, tal estirpe não e muito menos convive, antes escorre...
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