[FARPINHAS] – 14
Combativos, peles luzidias e
risos estampados em épocas eleitorais, eis a imagem dos figurinhas. Alguns
nunca tiveram profissão e, em norma, todos se escondem atrás de verborreias,
impropriedades e vanidades. Cultivam desde muito cedo os manuais de retórica de
Lausberg mas leram apenas a alínea dedicada às imagens. Em propriedade, apenas
leram duas escassas linhas, dizendo-se especialistas em retórica. Alguns dizem
ter uma profissão que escassamente exerceram.
Os figurinhas são, pois,
retóricos, metafóricos. O que dizem é sempre outra coisa. O palavreado usado
por eles é consabido: falam de inevitabilidades, união nacional, espiral
recessiva, irrevogabilidades, soluções, confianças, coesões, necessidades e de
outras nulidades. Para eles não existe ideologia, nem estado social – só
cartilhas e rotinas que conduzem ao mesmo do mesmo, sempre.
Os figurinhas eternizam-se,
espraiam-se nestes momentos de escolha. Detentores do poder, nada têm que ver
com a tragédia que representaram, que vão representando. Afogados em estilos,
eles existem e fazem uma triste figura.
Sem comentários:
Enviar um comentário