2013-09-06

FARPINHAS - CATORZE

[FARPINHAS] – 14

Combativos, peles luzidias e risos estampados em épocas eleitorais, eis a imagem dos figurinhas. Alguns nunca tiveram profissão e, em norma, todos se escondem atrás de verborreias, impropriedades e vanidades. Cultivam desde muito cedo os manuais de retórica de Lausberg mas leram apenas a alínea dedicada às imagens. Em propriedade, apenas leram duas escassas linhas, dizendo-se especialistas em retórica. Alguns dizem ter uma profissão que escassamente exerceram.
Os figurinhas são, pois, retóricos, metafóricos. O que dizem é sempre outra coisa. O palavreado usado por eles é consabido: falam de inevitabilidades, união nacional, espiral recessiva, irrevogabilidades, soluções, confianças, coesões, necessidades e de outras nulidades. Para eles não existe ideologia, nem estado social – só cartilhas e rotinas que conduzem ao mesmo do mesmo, sempre.

Os figurinhas eternizam-se, espraiam-se nestes momentos de escolha. Detentores do poder, nada têm que ver com a tragédia que representaram, que vão representando. Afogados em estilos, eles existem e fazem uma triste figura.   

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