2010-09-18

diário de 1990

1 de Janeiro.

Lisboa. Estar na capital e não ver bem Portugal. Ou melhor, vê-lo demasiadamente bem. Um amontoado de crateras, paisagem lunar. Para ti, Jorge, o trabalho começa aí. Recobrir para mostrar é preciso. Que emblematicamente esse acto seja a mudança de onda: da laranja (nesta coisa de cores, e no que tem a ver com a supracitada, aprecio o fruto homónimo, que é rico em vitamina C e a Mecânica, do Kubrick), estou certo, passaremos à humana. Estamos contigo, Jorge.
Para Viseu. Partir com a ilusão de pouco. Viajar por sobre o asfalto com a memória asfixiada de sensações. Sorver a paisagem com o olhar e esquecer o tempo do viajar. Andar, andar, andar, parar, tomar um café e de novo andar. Andar para chegar. Chegar, já cansado, já frio, tentar dormir para descansar.
Estar de novo aqui, a pensar que foi bom, e melhor ainda porque já passou.

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