NO SUBTERRÂNEO
A partir de "Cadernos do Subterrâneo", de Fiódor Dostoiévski
ADAPTAÇÃO, ENCENAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
pedro Fiúza
dia 17 (quinta-feira) - 22:30h - sala2
LugarDoCapitão | Rua do Gonçalinho, 84-86 | Viseu
"Sou um homem doente… Sou um homem mau. Sou um homem antipático. Acho que sofro do fígado. Aliás, não percebo absolutamente nada da minha doença e nem sequer sei ao certo onde me dói. Não me trato nem nunca me tratei, muito embora tenha consideração pela medicina e pelos médicos. Além disso, sou extremamente supersticioso, o suficiente no entanto para respeitar a medicina (sou bastante instruído, não devia, portanto, ser supersticioso, mas sou). Não! Se não me trato é por maldade pura da minha parte. Coisa que vocês certamente nem sequer se dignariam compreender. (…)"
No Subterrâneo é um monólogo de alguém que se encontra no limite da degradação moral, no limiar da pobreza da ideologia, de alguém que se colocou de parte no mundo graças à sua consciência alargada, talvez vítima do auto-engano. Num quarto, uma personagem confrontada com os seus fantasmas discursa para uma assistência que pode não existir, que existe apenas por um acaso, por uma questão de situação, durante o seu discurso vai-se descobrindo na sua vergonha limite, nas suas opções questionáveis, nos seus esquemas medíocres para agir no mundo de uma maneira que considera superior a todos os outros. Personagem limite, anti-herói, anti-moral.
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