O desporto em
Vergílio Ferreira – o ténis em Onde tudo
foi morrendo (1944)
Obedecendo
ainda ao desenho neorrealista, o romance vergiliano Onde tudo foi morrendo contém suficientes atrativos que o fazem um
objeto necessário. Não obstante o banimento a que o autor o votou da sua tábua
bibliográfica imprimível, nunca o livro deixou de ser falado e desejado. Objeto
de culto e de perquirições alfarrabísticas, a obra ficcional em análise, publicada
em 1944 na apreciada coleção “Novos Prosadores” da Coimbra Editora, era já uma
pedra do LIVRO que o romancista Vergílio Ferreira viria a escrever.
O desporto é
uma compresença em Vergílio Ferreira, como havíamos visto com o primicial
romance, onde o futebol fora matéria abundante. Agora é o ténis, atividade que
acaba por separar as classes sociais em presença: João aprecia de longe a
estranha dança do patrão Nunes correndo atrás da pequena bola “com uma coisa do
feitio de uma pá” (p. 38). E chega a ser notável o pensamento interior
discrepante do jovem João, apreciando o engraçado jogo: “Um de um lado, outro
de outro e uma rede no meio como as que se põem à volta dos rebanhos!» (p. 38).
Ainda bem que
mais para o fim do corrente ano poderão os leitores privar com este romance que
até hoje tem estado quase inacessível!