2015-10-19

[cidade dentro]

[cidade dentro]

debruço-me da varanda de mim
 és uma angústia antiga cidade
donde todas as linhas partem
desassossegadamente até ti.

clandestinas no poema as vias
são ruas diretas até essa estação.

fora do lugar arrumas-me aí
na esquina quente da história
onde outrora de pedra as bocas
foram montanhas nessas águas.

ouve a última canção, amiga,
sorve o ar da janela a funda
beleza dos álamos o encanto
dos dedos caminhando fundo
a tensão branca dos corpos
a real cartografia no terraço
onde ser rio é ir ao fundo…

ouve esta música o sol na mesa.

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