Ler Tolentino Mendonça
Ler Tolentino
Mendonça obriga-nos a ler devagar, passe a marca e o chavão. Inconsútil, o
texto Tolentino é paragem, descanso e pensamento. Não lavrando, por norma, em
construções de grande fisicidade, isto é, de muitas páginas, o distinto
escritor é profundidade e não comprimento. Sempre que dele me aproximo,
estanco, acalmo e perco-me nos trilhos do pensamento. E parto sempre de breve
frase ou de condensado hemistíquio.
«Qual é o
sentido do trilho?», perguntava Peter. «Cada trilho conduz a mais do que um
sentido», respondia, dizendo não saber, John Wolf. É desta fundura que se
levanta o corte com o reducionismo e a deriva facilitista. E segue o grande
diálogo de O estado do bosque (2013)
que nos convida a um dia tudo ser
abandonado em detrimento dos caminhos do bosque, pois não há tecnologias
superadoras. Quem não quer aprender, afinal?
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