2014-11-10

«Aquilino – a escrita vital» de José Carlos Seabra Pereira


Aquilino – a escrita vital de José Carlos Seabra Pereira

Propondo-se fixar os meandros do vitalismo aquiliniano, José Carlos Seabra Pereira, um dos mais estruturados conhecedores da literatura portuguesa, empreende, em mais de duzentas páginas, a mais importante laceração perspetivística no universo de Aquilino Ribeiro.
Citando e desautorizando chavões, o presente estudo, editado outubro último sob chancela da Verbo, procura ir ao encontro do crítico que Aquilino idealizava e formulou em conhecido prefácio: «antes de mais nada, entrever o escritor na estrutura própria». E assim acontecendo, o excelente estudo do ilustre professor coimbrão, em passagem pelo Instituto Politécnico de Macau (na rota de Camilo Pessanha, de quem também é exímio especialista?), só pode vir a produzir novas e importantes leituras.
Exemplo de rigor e renovada tecelagem, com fios de urdidura originais ou pouco vincados, o livro em apreço convoca intocados vetores de modernidade afinal presentes na obra de Aquilino e estranhamente obnubilados até aos nossos dias. Rescendentes, os caminhos ficam abertos. Assim o parece dizer, por exemplo, a rasa bibliografia que é inferência. Ao jeito de Benjamin, dir-se-ia que quando lido este fundamental ensaio de Seabra Pereira, logo no nosso sangue palpitará um pouco da vida e da arte do criador da crónica romanceada A Casa Grande de Romarigães. E esse pouco só pode ser muito, que tal força tem a escrita vital de Aquilino Ribeiro!  

Viseu, 18 de novembro de 2014
Martim de Gouveia e Sousa

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