Aquilino – a escrita vital de José Carlos Seabra Pereira
Propondo-se fixar os meandros do
vitalismo aquiliniano, José Carlos Seabra Pereira, um dos mais estruturados
conhecedores da literatura portuguesa, empreende, em mais de duzentas páginas,
a mais importante laceração perspetivística no universo de Aquilino Ribeiro.
Citando e desautorizando chavões, o
presente estudo, editado outubro último sob chancela da Verbo, procura ir ao
encontro do crítico que Aquilino idealizava e formulou em conhecido prefácio:
«antes de mais nada, entrever o escritor na estrutura própria». E assim
acontecendo, o excelente estudo do ilustre professor coimbrão, em passagem pelo
Instituto Politécnico de Macau (na rota de Camilo Pessanha, de quem também é
exímio especialista?), só pode vir a produzir novas e importantes leituras.
Exemplo de rigor e renovada
tecelagem, com fios de urdidura originais ou pouco vincados, o livro em apreço
convoca intocados vetores de modernidade afinal presentes na obra de Aquilino e
estranhamente obnubilados até aos nossos dias. Rescendentes, os caminhos ficam
abertos. Assim o parece dizer, por exemplo, a rasa bibliografia que é
inferência. Ao jeito de Benjamin, dir-se-ia que quando lido este fundamental
ensaio de Seabra Pereira, logo no nosso sangue palpitará um pouco da vida e da
arte do criador da crónica romanceada A
Casa Grande de Romarigães. E esse pouco só pode ser muito, que tal força
tem a escrita vital de Aquilino Ribeiro!
Viseu, 18 de novembro de 2014
Martim de Gouveia e Sousa
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