2013-11-28

A fábula da história dos professores

'Todos os dias, uma formiga professora chegava cedinho à escola
cid:6BF23707A2D94F24ABCE38C741707D78@marbormq.com.br
e pegava a sério no trabalho
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A formiga ensinava e era feliz.
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O Ministro besouro cid:A28769D60DA1463BA89C9422601F4E55@marbormq.com.brestranhou a formiga trabalhar sem supervisão.


Se ela ensinava tão bem sem supervisão, seria ainda melhor se fosse supervisionada.

E colocou uma barata, cid:EECFC184DD444FA7A49E42DB7894CDF4@marbormq.com.brque nunca tinha leccionado, mas preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como secretária de estado.


A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga.

Pouco depois, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também

uma aranha cid:7D9ABFCD99414F66B680F1259DD9B57E@marbormq.com.brpara organizar os arquivos e controlar as ligações telefónicas.

O besouro ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca,
cid:02F7D8FE9214468F9C7DB41195FE1481@marbormq.com.br
e comprou um computador com impressora colorida. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a lamentar-se de toda aquela
movimentação cid:ECAE41C5792E4D91AFA8FD0B2B42CB25@marbormq.com.brde papéis e reuniões!

O besouro concluiu que era o momento de criar a função de director para a escola onde a formiga ensinava e era feliz.

O cargo foi dado a uma cigarra, cid:8190568485C541DC879F4BE1F2AC13CD@marbormq.com.brque mandou colocar uma carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial..

A nova directora cigarra logo precisou de um computador e de
uma sub directora, a pulga cid:5F2E8264005B47BCB4AE30A0A1A30A5C@marbormq.com.br

para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias no ensino e o controlo do orçamento para as salas onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava e cada vez ia ficando mais aborrecidacid:F8269A1AF8874226B211C486187B51EC@marbormq.com.br

A cigarra, então, convenceu o gerente besouro, que era preciso fazer um estudo do clima.

Mas, o besouro, ao rever os relatórios, deu-se conta de que a turma na qual a formiga era professora não atingia os objectivos.

como antes e contratou a coruja, cid:58F4F3991E134092B2CC7AACC722BBF4@marbormq.com.bruma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação. A coruja permaneceu três meses na escola e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes, que concluía: Há muita gente nesta escola!!

E adivinhe quem o besouro mandou demitir?

A formiga, claro, porque andava muito desmotivada e aborrecida.
cid:6329A299A71C4AA5B98C610C6ADDD337@marbormq.com.br
Já viu este filme antes?

Bom trabalho a todos os Docentes!!!

2013-11-26

O nascimento de Baltasar Sete-Sóis no conto «História dum pastor» de João de Araújo Correia


O nascimento de Baltasar Sete-Sóis no conto «História dum pastor» de João de Araújo Correia:

«Conheço a serra como as minhas mãos. Que estou eu a dizer? Conheço-a melhor que as minhas mãos. Como o senhor vê, sou maneta. Perdi o braço num grande barulho, armado entre o meu povo e aquele povo de além. Somos vizinhos, mas, não nos podemos ver desde o princípio do mundo.

O pior é que fiquei maneta. chamavam-me, dantes, o Dionísio. Como perdi o braço, também perdi o nome. Puseram-me, de alcunho, o Maneta. Quem vai ali com o gado? É o Maneta...
Eu próprio, olhando para mim, vi outro homem. quem era aquele moço, que trazia suspenso, do ombro direito, o balandrau dum morto? Era eu, o Dionísio? Duvidei.» [João de Araújo Correia, «Folhas de Xisto», Régua, Imprensa do Douro - Editora, 1959.]

2013-11-23

Herberto, Herberto Helder...


Silêncio, que o dia é de Herberto Helder:

«Ninguém tem mais peso que o seu canto.
A lua agarra-o pela raiz,
arranca-o.
Deixa um grito que embriaga,
deixa sangue na boca.
Que seja a demonia: - a arte mais forte de morrer
pela música, pela
memória.»

[Herberto Helder, «Última ciência», Lisboa, assírio & alvim, 1988.]

SEM UM TU NÃO PODE HAVER UM EU coreografia e interpretação PAULO RIBEIRO

DANÇA | 23 NOV
SEM UM TU NÃO PODE HAVER UM EU
coreografia e interpretação PAULO RIBEIRO

Estreia Absoluta

Em Sem um tu não pode haver um eu, Paulo Ribeiro não só regressa ao palco, como o faz sozinho, apenas com Ingmar Bergman, para talvez construir uma coreografia feita de várias felicidades. Mergulha nas “verdadeiras palavras, aquelas que transportam a vida, as que estão cheias de sentidos, as que Ingmar Bergman filmou acompanhadas de horas, fantasticamente longas, de vida vital”. “É com estas palavras e as suas músicas que eu gostaria de voltar a dançar e talvez, desta vez sim, dançar pela última vez...”, escreve o coreógrafo. 

Em 31 anos de carreira, Paulo Ribeiro dançou o seu primeiro e único solo, Modo de Utilização, em 1991, na Bienal Universitária de Coimbra (BUC). Em 2006, depois de ter dançado, precisamente,Malgré Nous, Nous Étions Là anunciou que não voltaria ao palco como intérprete, mas em JIMpercebeu-se que a quebra desse voto estaria iminente e assim é.

Coreografia e interpretação Paulo Ribeiro
Música Robert Wyatt, Insensitive
Franz Koglmann, O Moon My Pin-UpThird Movement, Distinctions – IX;  
Bach / Cello Suites (Pablo Casals), Cello Suite #5 In C Minor, BWV 1011 – Prélude; 
Bach / Cello Suites (Pablo Casals), Cello Suite #5 In C Minor, BWV 1011 – Courante
Magnus Lindberg / Ictus Clarinet Quintet, Related Rocks
Figurinos José António Tenente
Desenho de luz Nuno Meira
Produção Companhia Paulo Ribeiro
Coprodução Centro Cultural Vila Flor, Centro Cultural de Belém e Teatro Nacional São João 
Parceria Teatro Viriato
Agradecimentos Dr. António Ribeiro de Carvalho, Dr. João Luís Oliva, Dra. Maria José Arêde, Henrique Tomás, amigos presentes em todos os momentos

© Foto José Alfredo

2013-11-20

Pensamento assistido com Eugénio Lisboa


Os mestres são assim - para uma vida inteira:

«Nunca escondi nem procurei, de algum modo "matizar" as minhas amizades. Nunca escolhi ou rejeitei amigos, por razões ideológicas: tão só, pelo seu carácter. É claro que fui amigo, até assíduo, de comunistas.» [Eugénio Lisboa, «Acta es fabula. Memórias - III - Lourenço Marques revisited (1955-1976), Guimarães, Opera Omnia, 2013, p. 56.]

Afinal, quem tem medo das palavras?

2013-11-19

Sessão de lançamento dos livros "Ciganos Portugueses: Olhares Plurais e Novos Desafios numa Sociedade em Transição" e "Ciganos Portugueses: olhares cruzados e interdisciplinares em torno de políticas sociais e projectos de intervenção social e cultural", de Olga Magano e Manuela Mendes (investigadora associada do Instituto de Sociologia).


Vai hoje lugar, pelas 18h30, na sala de reuniões, a sessão de lançamento dos livros "Ciganos Portugueses: Olhares Plurais e Novos Desafios numa Sociedade em Transição" e "Ciganos Portugueses: olhares cruzados e interdisciplinares em torno de políticas sociais e projectos de intervenção social e cultural", de Olga Magano e Manuela Mendes (investigadora associada do Instituto de Sociologia). 

As obras têm a chancela da Editora Mundos Sociais e serão apresentadas por António Teixeira Fernandes, Manuel Carlos Silva e Rosário Farmhouse. 

A entrada é livre.

2013-11-18

«Amor como em casa» de Manuel António Pina


[AMOR COMO EM CASA] de Manuel António Pina ...

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraidíssimo percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde no café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

[Manuel António Pina, Ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde, Porto, a regra do jogo, 1974, p.34.]

2013-11-16

Apresentação de «Montemuro» de Carlos Clara Gomes


AXIOMÁTICA DE «MONTEMURO»

A [ALFA] - Experiencial, este romance diz estar onde está – no lugar escolhido que é profunda morada de responsabilidade. A
[DOIS] – Evocativo, multiforme e larvar, o texto clariano dimana palavras alarmadas e responsabilizantes, em tempo sem tempo e em momento avassaladoramente trágico para as democracias, os povos e as gentes.
[TRÊS] – George Steiner, em conferência proferida em Amesterdão no ano de 1969, afirmou: «A Europa suicidou-se, ao matar os seus judeus.» Transcorridos mais de 40 anos, assistimos, quase impávidos, à destruição das nossas vidas, por força das medidas «inevitáveis» que nos levam a nova barbárie – e dizer escravatura não é exagero, no meio de chavões e palavras disruptivas como ‘corte brutal’, ‘autoagressão’, ‘submissão a lógicas estratégicas e económicas’, ‘derrapagem’, ‘esmagamento’, ‘tortura’, ‘desalojado’, ‘violação’, ‘dolo’, ‘suicídio’, ‘espiral recessiva’, ‘cortes’, ‘inevitabilidades’ e outros que bem conhecem.
[QUATRO] – Deseuropeus e desumanistas, os tempos obrigam a contrações, fechamentos e regressos. É do regresso à condição cultural que falo, da preservação e da dignificação dos lugares do espírito que, assim o queiramos, não podem ser esmagados. Envelhecer hoje num dos países mais envelhecidos do mundo é desesperante. Como desanimador é também vermos o corrupio dos nossos jovens mais ou menos talentosos para longínquas terras à míngua de Pátria. Este livro de Clara Gomes fala de nós, dos nossos lugares, das nossas gentes. E isso é já um incentivo a sermos.
[CINCO] – Como em Luís Miguel Nava, estamos em Viseu e «o tempo dá de súbito um salto para trás»[1], e eis que o magnífico objeto que é o livro esplende como o ouriço de Derrida à espera do nosso corpo. Fugindo à escravidão latente, é o livro, como nas mediévicas eras, um refúgio seguro. Dos poucos, acrescento, e quiçá o único!
[SEIS] - Eis Montemuro que nos convida para o significado e para o poder da arte – aqui passarão marginados e incompreendidos; equívocos, logros e lealdades; interditos e contrastes; lugares próximos e muito próximos; diáspora e equilíbrios; amores e desatinos; vida e morte – e tudo somando vida para a morte.
[SETE] – Montemuro é um luminoso in memoriam. Sabendo que tudo se decide no pormenor e no estancamento das modernidades detersivas, a obra de Clara Gomes articula-se em rosácea, a partir de uma «carranca de espectador», deflagrando círculos de fogo, de vida, que se fecharão fulgurantemente em clave aquática sobre a gesta de uma família.
 Ω [ÓMEGA] – Platão ordenou que não entrasse na sua academia nenhum ageómetra. Julgo que aqui não terão entrado desabituados da leitura e não leitores. Os tempos são de vigilância e de reflexão. Estes textos, assim escavando a nossa íntima condição são, mais do que úteis, necessários. Perante nós está este Montemuro, na sua «quididade», que vamos comer e também beber, porque a leitura «reclama silêncio e um isolamento feroz»[2] com um outro texto que estas palavras ainda não são, nem poderiam ser. E muito por isso a existência vale a pena – por este modo sobrevivente de contar uma estória que é a nossa história. Ensinando-nos o coração, Montemuro é um convite à Jacques Derrida:
«Come, bebe, engole a minha letra, porta-a, transporta-a em ti como lei de uma escrita em que o teu corpo se tornou: a escrita em si[3] Ω.
À leitura, pois…

                                                                                    Viseu, 15 de novembro de 2013
                                                                       Martim de Gouveia e Sousa

                                                                                                               




[1] Luís Miguel Nava, O céu sob as entranhas, Porto, Limiar, 1989, poema “Regresso».
[2] George Steiner, No castelo do Barba Azul. Algumas notas para a redefinição de cultura, Lisboa, Relógio d’Água, 1992, p. 123.
[3] Jacques Derrida, Che cos’ è la poesia?, Coimbra, Angelus Novus, Editora, 2003, p. 7.

«Montemuro» de Carlos Clara Gomes


Carlos Clara Gomes, Montemuro, «Resus», Viseu, Edições Esgotadas, 2013. Ilustração da capa de Wilfred Hildonen. Revisão do texto de Ana Maria Oliveira. Prefácio de Martim de Gouveia e Sousa. 

2013-11-08

Uma greve contra o esmagamento de um país


Uma greve contra a desgovernação.

Pensamento assistido por Cândido de Figueiredo


«Portugal, um país microscópico, de origem neo-visigótica, pôde manter a sua autonomia por dez séculos. Meado porém o século XXI, já quase nada existia daquela nacionalidade, que teve na história alguns momentos de robustez e prestígio.» [Cândido de Figueiredo, «Lisboa no anno três mil» (Revelações hipnóticas), 1892.]

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A verdade da ficção...

2013-11-03

A verdade de Urbano Tavares Rodrigues


«Vítor Melchior, o financeiro das soluções drásticas no sentido da austeridade e da miséria imposta aos mais pobres, empurrando-os para o suicídio ou para a mendicidade, até já perdera a confiança de um governo desorientado, corrupto e oportunista.» [Urbano Tavares Rodrigues, «Nenhuma vida», 2013].

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A verdade da ficção. Mas quem lê?